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Álbum de tom carioca, ‘Integridade’ atesta que Claudio Nucci segue outras toadas

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Em 1978, duas das músicas mais bonitas e conhecidas do cancioneiro autoral de Claudio Nucci – Sapato velho (Mú Carvalho, Claudio Nucci e Paulinho Tapajós) e Toada (Na direção do dia) (Zé Renato, Claudio Nucci e Juca Filho) – ganharam os primeiros registros fonográficos, embora ambas somente fossem obter projeção em gravações posteriores. Decorridos 40 anos, o cantor e compositor paulista – revelado nacionalmente em 1979 como um dos vocalistas do quarteto Boca Livre – renova esse cancioneiro com as dez músicas inéditas que compõem o repertório inteiramente autoral de Integridade – Parcerias com Felipe Cerquize, álbum lançado neste mês de março de 2018 em edição independente.
Capa do álbum ‘Integridade’, de Claudio Nucci
Arte de Lucas Canavarro
Como o subtítulo já explicita, trata-se de disco devotado à parceria de Nucci com o poeta e compositor carioca Felipe Cerquize, letrista que, no samba Conselhos, cerze versos imperativos que tangenciam o universo da autoajuda. Também cantor, Cerquize se faz ouvir com a voz opaca em outro samba, o que batiza e abre o disco, Integridade, introduzido pelo toque de um violão que sugere clima de bossa nova.
Contudo, é a partir da terceira das dez faixas que o álbum – produzido por Rafael Lorga com o próprio Claudio Nucci – desvela mais encantos. A começar por Sempre só, canção que contraria o título ao unir o canto do anfitrião à voz expressiva do convidado Lenine, intérprete sempre atento às intenções das canções. Já Olhos d’água tem o bucólico veio ruralista cortado pelo fluxo urbano da guitarra de Roberto Menescal, ícone da bossa que tem verso do célebre O barquinho (1961) citado na letra (“Banho na beira da praia / Antes que a tardinha caia”) que também evoca o bucolismo de Antonio Carlos Jobim (1917 – 1994) em outro verso (“Chuva na roseira / Gotas na soleira”).
Herdeiro de toda essa bossa, o pianista carioca Antonio Adolfo ginga com a habitual precisão na cadência bonita e fluente do samba Certeza, prova de que Nucci continua em forma como compositor, ainda que tenha levado quase 20 anos para apresentar repertório inédito em disco (o último álbum de inéditas, Casa da lua cheia, saiu em 1999 com repertório mais nordestino e mineiro). Já Sentimentos evoca tons do cancioneiro do Boca Livre no dueto de Claudio com o filho, Vicente Nucci.
Felipe Cerquize e Claudio Nucci
Divulgação / Pedro Anil
Gênero recorrente no sotaque carioca do álbum Integridade, o samba dita o ritmo de Reencontro (de letra pautada por romantismo poético de cepa tão trivial quanto a pulsação da música), de Desafio – faixa em que sobressai o toque do bandolim de Renato Anesi – e de Descarada, composição em que a trama dos versos de Cerquize soa especialmente bem armada nas síncopes do samba dividido por Nucci com o cantor carioca Moyseis Marques.
No fim, Rio de março junta o anfitrião com Zélia Duncan, fechando o verão autoral de Nucci na cadência do samba em que Felipe Cerquize, com autoridade carioca, alinha bônus e ônus da cidade do Rio de Janeiro (RJ), cuja trilha sonora inspira boa parte da música que sai dos sulcos do álbum Integridade, atestado de que o paulista Claudio Nucci vem seguindo outras toadas sem sair do tom. (Cotação: * * * 1/2)

Fonte: G1 Música – Leia a matéria completa.

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