Ao contrário da maioria da população brasileira que reside em áreas urbanas, a população quilombola se concentra majoritariamente em zonas rurais. Segundo dados do Censo 2022 divulgado pelo IBGE, seis em cada dez quilombolas vivem no campo, representando 61,71% do total de 1,3 milhão de pessoas quilombolas no Brasil.
Dos 203 milhões de brasileiros contabilizados, apenas 12,6% residem em áreas rurais, enquanto entre os quilombolas essa proporção chega a 820,9 mil. O Censo de 2022 marca o primeiro levantamento em que o IBGE coleta dados específicos sobre a população quilombola, não permitindo comparações com anos anteriores.
Aspectos históricos e socioeconômicos
O gerente de Territórios Tradicionais do IBGE, Fernando Damasco, destaca a relevância desses dados, que refletem a resistência dos quilombolas à escravidão e suas raízes históricas. De acordo com ele, a maior presença dessa população em áreas rurais está intimamente ligada ao contexto histórico de opressão que sofreram.
“É um fator absolutamente novo, em termos de composição de grupos étnicos. Os indígenas, atualmente, têm maior concentração urbana”, complementa Damasco.
Proporção por regiões
O levantamento mostra que as regiões Norte e Nordeste têm proporções elevadas de quilombolas em áreas rurais:
- Brasil: 61,71%
- Norte: 63,40%
- Nordeste: 65,01%
Por outro lado, os estados com menor proporção incluem Distrito Federal (2,95%), Rondônia (18,39%) e Goiás (27,03%).
Educação e moradia
Os dados também mostram que a mediana de idade entre os quilombolas é menor do que a média brasileira. Em relação ao analfabetismo, as taxas são mais altas na população quilombola, com 22,71% na área rural. Em termos de moradia, a média de moradores por lar é de 3,17 para os quilombolas, superior à média brasileira.
Desafios de saneamento
A precariedade no saneamento básico também se destaca, sendo 94,62% dos quilombolas em áreas rurais afetados. A pesquisa revela uma necessidade urgente de políticas públicas que levem em conta a composição rural e urbana dessa população.
“Pensar políticas para quilombolas é entender suas realidades específicas, tanto no campo quanto na cidade”, conclui Damasco.
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