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65 anos de uma história esquecida de matriarcas negras – Portal MaisVip

As páginas da história de Brasília, essa jovem capital que completa 65 anos, estão repletas de discursos oficiais, narrativas de engenheiros e arquitetos, predominantemente homens brancos. Os operários, conhecidos como ‘candangos’, aparecem apenas como figurantes.

No entanto, a contribuição das mulheres, especialmente das negras, foi praticamente anulada. Contudo, a história da capital é ainda recente e passa por um processo contínuo de reinterpretação, como afirmam familiares das mulheres que hoje são reconhecidas como matriarcas.

Essas mulheres negras não apenas construíram, mas também educaram e lutaram contra o racismo, transformando a nova cidade em um lar. Pesquisadoras defendem a necessidade de reescrever essa história, entrelaçando trajetórias e trazendo à tona as lutas do passado e do presente.

Vozes de uma Matriarca

A história de Jovina Teodoro, uma das matriarcas negras, é um exemplo marcante. Ela se mudou para Brasília em 1959, aos 20 anos, e começou a trabalhar no Hospital Juscelino Kubitschek. Jovina, que faleceu em março deste ano aos 85 anos, foi uma pioneira na saúde pública, atuando na conscientização sobre o parto humanizado.

“Minha mãe trabalhou com saúde da mulher e na conscientização pelo parto humanizado”, diz a filha, Ana Julieta Teodoro.

Além disso, Jovina divergiu dos padrões da época, engravidando somente aos 38 anos e separando-se em uma época em que isso era raro. Sua postura de empoderamento e independência é um legado que ainda ressoa.

Espelhando Sabedoria

Maria de Lourdes Teodoro, irmã de Jovina, também se destaca. Chegou a Brasília com 14 anos e foi inspirada pela coragem dos pais. Em seus versos, expressa essa sabedoria familiar e a importância da educação para seus filhos.

“Minha mãe dizia que a gente precisava estudar e ter independência econômica.”

Ilka Teodoro, neta de Jovina e advogada especialista em direitos humanos, aponta que Brasília foi idealizada como uma utopia moderna, mas carrega consigo uma herança de desigualdade.

“Temos essa grande contradição nesse modelo de cidade e as mulheres fazem parte dessa história”, afirma Ilka.

Histórias em Andamento

A história das mulheres que ajudaram a construir Brasília continua a ser escrita. Leis como a 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira, são passos importantes para evitar o esquecimento dessa trajetória. Projetos que contam a história de famílias negras estão sendo desenvolvidos, buscando registrar o legado dessas mulheres.

Jamima Tavares, pesquisadora na área de artes cênicas, enfatiza que a narrativa oficial da cidade não pode ignorar a contribuição das mulheres.

“Esse movimento vem acontecendo a partir dos grupos oprimidos que estão se organizando para mudar essa situação”, conclui Jamima.

Confira a matéria completa em: maisvip.com.br

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