11 de maio, de 2024 | 10:50
Alunos de faculdade de medicina de Ipatinga conscientizam jovens sobre riscos de automedicação
Remédios que estimulam concentração e produtividade oferecem riscos se administrados de forma errada
Por Isabelly Quintão – Repórter Diário do Aço
Estudantes de medicina da Afya, Faculdade de Ciências Médicas Ipatinga, realizam uma atividade cujo objetivo é atuar na conscientização de jovens em relação ao uso indiscriminado de medicamentos que ajudam a estimular a concentração. O projeto Uma dose de informação” vem sendo realizado em colégios do Vale do Aço, redes sociais e na própria faculdade.
A ação é uma iniciativa da faculdade com a disciplina de práticas interdisciplinares de extensão, pesquisa e ensino, orientada pelo professor Fabiano Moreira da Silva. Atende estudantes do ensino médio que estão prestes a iniciar a jornada acadêmica, acadêmicos, pais de adolescentes e população leiga de modo geral.
A acadêmica do 1º período de medicina da Afya, Rayane Raphaela Franco Moraes, explicou à reportagem do Diário do Aço que o público foi escolhido devido a um crescimento da troca e venda de medicações psicotrópicas. Entre as principais, estão psicoestimulantes, ansiolíticos, sedativos, miorrelaxantes e sedativos-hipnóticos, como venvanse, zolpidem, ritalina, clonazepam e rivotril.
Eles aumentam a concentração nos estudos e estimulam a produtividade. Também diminuem o estresse, como no caso dos antidepressivos, e geram a falsa sensação de qualidade do sono. Medicamentos sedativos-hipnóticos não benzodiazepínicos, que além de atuarem como ansiolítico e relaxante muscular, atuam principalmente como um sedativo, muito utilizado para tratamento de insônia crônica”, afirmou.
Pressão acadêmica
Rayane destacou que um dos motivos pelos quais os jovens buscam essa alternativa é que grande parte sofre com a pressão acadêmica, o que pode desencadear estresse, ansiedade e uma série de outros problemas psicológicos.
Devido a isso, muitos desses estudantes, sobretudo jovens, recorrem à automedicação. Essa prática pode ter como consequências o uso irracional de medicamentos, efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, além da ampliação de custos para o paciente e para o sistema de saúde”, relatou.
As medicações são vendidas sob receita azul ou amarela, devido a classificação de tarja preta. Caso sejam tomadas sem orientação profissional, é possível apresentar alto risco de dependência química, intoxicação, déficit neurológico e em casos mais severos, levar a óbito.
Despertar social
A estudante do 1º período de medicina também pontuou que a problemática da automedicação entre estudantes é um tema de preocupação global, com implicações significativas para a saúde pública e individual.
A falta de compreensão sobre o uso responsável de medicamentos, aliada a fatores socioeconômicos e culturais, contribui para uma prevalência alarmante desse comportamento. É preciso que intervenções educacionais e políticas de saúde sejam implementadas para promover uma abordagem mais holística da saúde, capacitando os estudantes com conhecimentos adequados sobre o uso correto de medicamentos e incentivando práticas de cuidado com a saúde mais conscientes e responsáveis”.
A jovem também explicou que os medicamentos só devem ser utilizados por meio de consulta prévia com médico clínico, neurologista ou psiquiatra, diagnóstico correto e acompanhamento periódico do tratamento”.
Ação nas escolas
Os alunos visam levar informação para além da sala de aula e, por esse motivo, atuaram no Instituto Mayrink e no Colégio São Francisco Xavier (CSFX) nesta última sexta-feira (10), para alunos do primeiro ao terceiro ano do ensino médio.
Além de palestras a respeito do tema, foram realizados questionários em forma de jogos. Os questionários foram aplicados para dar aos alunos a oportunidade de se expressarem livremente, de fazerem assimilações do cotidiano com o problema de automedicação retratado e desenvolver um pensamento crítico acerca dos malefícios da prática exposta”, explicou Rayane Raphaela.
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