21 de abril, de 2024 | 09:00
Alunos de Ipatinga aprendem na prática sobre humanização de consultas médicas
Por Isabelly Quintão – Repórter Diário do Aço
Estudantes de Medicina da Afya, Faculdade de Ciências Médicas Ipatinga, realizam projetos que tornam consultas médicas um momento mais acolhedor, com atendimento humanizado. Entre eles, estão Ligações de afeto”, Recém-nascido de alto risco”, Cartas de afeto” e Desenhos de afeto”.
Há, ainda, a adaptação do receituário para a pessoa idosa. O objetivo da prática é fazer com que os idosos consigam entender as receitas de uma maneira mais dinâmica, aderindo aos tratamentos com uma maior facilidade.
As iniciativas passaram a ser reconhecidas no Vale do Aço e em todo o Brasil depois que um aluno, Lurdiano Freitas, viralizou nas mídias sociais com um vídeo sobre o atendimento humanizado.
Ligações de afeto
Em entrevista à reportagem do Diário do Aço, Lurdiano Freitas explicou que tudo começou com o projeto Ligações de Afeto”. Hoje, ele é um projeto de extensão, que começou com o interesse em sabermos como os nossos pacientes estavam após as consultas, e o porquê de eles não estarem voltando”, afirmou.
A ação é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do bairro Caravelas e Vila Militar e no ambulatório da faculdade, sob a supervisão da médica de família e comunidade e docente da Afya, Aiala Xavier. Em média, nove a onze pacientes são atendidos durante a semana.
Não adotamos isso apenas para poder fazer uma busca ativa do paciente. É porque realmente estamos interessados em saber como eles estão. Depois que passamos uma medicação, queremos saber se a intervenção realmente trouxe significado, uma melhora. Esse é o nosso principal diferencial”, pontuou o estudante do 6º período.
Ele ainda explicou que tem como objetivo expandir a iniciativa para todo o país. Atualmente, mais de 50 pessoas já têm acesso à metodologia e pensam em implementar nas suas faculdades. Nós também seguimos treinando profissionais de UBSs de cidades vizinhas. Então a gente segue hoje, dando treinamento tanto para as unidades básicas”.
Lurdiano também enfatizou que, com a doutora Aiala, durante os estágios da UBS do Caravelas, são feitas adaptações no receituário do idoso.
Dessa forma, conseguimos fazer com que ele entenda melhor a receita e se sinta acolhido durante a consulta. Importante esclarecer que a humanização não se dá somente através da ligação ou busca ativa. Tudo é adaptado de acordo com a necessidade de cada paciente”, ressaltou.
Recém-nascido
Já o programa Recém-nascido de alto risco” é administrado pela médica pediatra e neonatologista e docente da Afya, Catarina Amorim. Realizado na Policlínica de Ipatinga, onde são acompanhados bebês prematuros e com síndromes raras.
O intuito é fazer com que as mães dessas crianças se sintam mais confortáveis e acolhidas. Durante essa iniciativa, também surgiram o Cartas de afeto”, que são cartas de apoio emocional, e os Desenhos de afeto”, ação em que são feitos desenhos da família, colhendo digitais da criança para marcar um momento significativo.
Catarina contou que com o programa as crianças recebem atendimento pediátrico de todos os profissionais necessários, incluindo assistente social, psicóloga e fisioterapeuta.
Quanto mais grave, maior a frequência do atendimento. Elas chegam ao programa através de encaminhamento dos profissionais das UBS ou através de encaminhamento do Hospital Márcio Cunha. Temos cerca de 450 crianças até os seis anos de idade sendo acompanhadas”, afirmou.
Ela ainda pontuou que diversas ações são realizadas dentro de uma só iniciativa. Temos cartilha de orientações, lembrancinhas, adesivo exaltando o que a mãe tem de melhor, que é a coragem, a persistência. Temos um ótimo retorno. E os alunos, como o Lurdiano, frequentam o programa de maneira voluntária, visto que não faz parte de seus currículos”.
Para Catarina, atos que podem parecer simples para algumas mães são carregados de um grande significado para outras. Às vezes, temos crianças com sequelas neurológicas graves, mas são crianças que se sorrirem as mães vão comemorar. Digo que aprender a examinar um paciente é muito fácil, mas humanizar é difícil. Sempre ouvimos pacientes dizendo que nunca tinham sido atendidos dessa maneira”, detalhou.
Importância dos projetos
Já para Lurdiano, os ensinamentos das professoras Aiala e Catarina são de uma enorme valia para o seu crescimento profissional.
Comumente, temos uma ficha de 25 atendimentos por dia, que é muita coisa. Grande parte das pessoas ficam afobadas quando isso ocorre. Mas quando falta uma pessoa que ia ser atendida, nós ficamos ah, eu queria que ele tivesse vindo. E o mais surpreendente é que é tudo pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, concluiu.
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