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As festas são melhores que os jogos – 26/09/2023 – Tostão

As festas são melhores que os jogos - 26/09/2023 - Tostão

As belíssimas festas das torcidas em todo o país, como a do São Paulo na final da Copa do Brasil, a do reencontro dos torcedores do Vasco com o time, a do Atlético-MG em lua de mel com o novo estádio, e tantas outras, estão acima, desconectadas da qualidade das partidas.

Esses encontros, com públicos nunca vistos, ocorrem por inúmeros fatores: como a catarse pós-solidão da pandemia da Covid-19, a paixão contínua pelo futebol, a falta de interesse por outros entretenimentos, além da desesperança, pelo cansaço mental das pessoas com a violência, a insegurança e as fake news que assolam o país. O futebol passou a ser uma válvula de escape.

Os jogadores do São Paulo, Dorival Júnior e a comissão técnica merecem elogios pela dedicação e conquista desse importante, emocionante e inédito título. Mas o jogo, pelo olhar crítico do analista, foi muito fraco. O São Paulo, para defender a vantagem do empate, se limitou a dar chutões. O Flamengo tinha a bola, mas não teve talento coletivo nem individual.

Fora essa partida, o São Paulo melhorou sob o comando de Dorival Júnior. Além da chegada de alguns bons jogadores, o time tem atuado com mais meio-campistas, mais troca de passes e com menos pressa para chegar ao gol, uma deficiência que havia sob o comando de Rogério Ceni.

Dorival Júnior mostrou também a sua grandeza ao não fazer críticas depois do jogo à diretoria do Flamengo, que, sem motivo, o demitira após a conquista da Copa do Brasil e da Libertadores. Dorival é um treinador equilibrado e sem estrelismo, ao contrário de muitos outros, que se acham mais importantes que o futebol.

O Flamengo se tornou um time comum. A soberba dos dirigentes, ao contratar jogadores caríssimos como se fossem grandes craques do futebol mundial, foi repassada aos atletas, alguns mimados e que se acham melhores do que são.

Sampaoli, no início de carreira, quando era técnico do Universidad de Chile e da seleção chilena, impressionou a todos com uma estratégia diferente, não praticada no Brasil, de pressionar desde a saída de bola do goleiro. Deve ter aprendido com Bielsa. Hoje é uma estratégia bastante usada no Brasil e em todo o mundo. Com o tempo, Sampaoli perdeu o encanto e se tornou um treinador estranho e irregular.

Dizem que o Flamengo procura Tite ou Jorge Jesus. Seria uma boa chance de exorcizar o fantasma de Jorge Jesus, porque, depois que saiu, ninguém mais agradou, mesmo os que foram campeões.

O futebol brasileiro precisa evoluir, dentro e fora de campo. Os problemas não são apenas de calendário, de gramados e de má gestão. São também técnicos, táticos. A ciência esportiva se desenvolveu em todo o mundo e ficamos para trás em relação aos europeus. Há muito oba-oba, muita pressa em rotular heróis e vilões e muita repetição de clichês e de pré-conceitos. Existem poucas reflexões.

A cada semana pedem um novo jogador para a seleção. Fernando Diniz foi bonzinho ao convocar cinco que atuam no Brasil. O que mais merece não foi novamente chamado, o goleiro Weverton, do Palmeiras.

Os lugares-comuns de que o Brasil é o país do futebol, de que aqui tem um craque em cada esquina e de que deveria haver uma volta ao passado, para passarmos a jogar com mais improvisação e pouco planejamento, são conceitos cativantes e ultrapassados. O mundo e o futebol mudaram.

É preciso unir a técnica, a tática e a inventividade. Deveríamos conhecer melhor o passado, viver o presente e sonhar com o futuro.


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