Neste sábado (17), o Viaduto Prefeito Negrão de Lima, em Madureira, Rio de Janeiro, acolhe a festa de 35 anos do Baile Charme, um marco na cena musical brasileira, especialmente no gênero Rhythm and Blues (R&B).
Marco Aurélio Ferreira, o famoso DJ Corello, foi um dos responsáveis por popularizar a expressão ‘charme’ durante os anos 1980 e 1990, contribuindo significativamente para a cultura da black music na cidade.
A celebração, que também marca os 45 anos do Movimento Charme no Brasil, terá início às 22h e reunirá DJs renomados como DJ Michell, Fernandinho, Vig, Gab e Guto, além do convidado especial DJ Sammy, do Coletivo Sampa Charme.
“O Movimento Charme, que começou nos anos 1980, já começou com a pegada de uma música dentro da outra. Essa sonoridade pegou outra geração, que não era a geração do soul, com o ouvido virgem. Eu consegui catequizar essa geração para o Movimento Charme”, declarou DJ Corello em uma entrevista.
O Baile Charme nasceu no início dos anos 1990, associado ao bloco Pagodão de Madureira, fundado por entusiastas do samba como Leno, Pedro, Edinho e Xandoca. Segundo o DJ Michell, foram eles que abriram as portas desse espaço de resistência e representatividade.
“O espaço começou a ser ocupado pelo bloco carnavalesco Pagodão de Madureira em 1º de maio de 1990 e logo depois se inicia o Charme, criando uma relação tão forte que se tornou um espaço de resistência e representatividade para a juventude negra e periférica”, relembra Michell.
Aos poucos, esse encontro informal evoluiu, levando à criação do Espaço Cultural Rio Hip Hop Charme, que em 2013 foi reconhecido como Bem Cultural de Natureza Imaterial da Cidade do Rio de Janeiro.
Atualmente, o baile não só realiza encontros semanais, como também promove novos talentos da black music.
“Podemos considerar o baile do viaduto como um local que dita tendência, seja na moda ou na música. Músicas que começam a tocar ali, depois de algum tempo, viralizam, e looks que são lançados por muitos jovens acabam se tornando populares. É um espaço único onde a juventude preta e periférica pode ser autêntica sem ser recriminada”, afirma o DJ.
O Baile Charme do viaduto de Madureira, apesar da concorrência de outras festas, continua a ser um símbolo de resistência e um legado cultural. “Ao entrar nesse ambiente, você sente que pertence a ele, e nenhum outro espaço consegue passar essa mesma impressão. É mágico e inexplicável”, conclui o artista.
Celebrar os 35 anos do evento reflete o poder e a adaptação do Charme, que soube se manter vigente ao longo dos anos, sempre atualizando sua essência sem perder o propósito original.
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