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Caio Prado resiste no calor da poesia e da temperatura oscilante do disco ‘Incendeia’

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Cantor e compositor carioca inserido em cena artística que batalha pela afirmação política de minorias, inclusive sexuais e raciais, Caio Prado faz o que caracteriza de “poesia de resistência” no segundo álbum, Incendeia (Maianga Discos). Disponível no mercado fonográfico a partir de amanhã, 2 de março, Incendeia mira a fervura da música negra ao longo das dez músicas, sendo que as nove inéditas são todas assinadas solitariamente por esse artista projetado como integrante do trio queer carioca Não Recomendados.
Ritmos matriciais como soul, funk e R&B são diluídos em soluções contemporâneas do produtor Alê Siqueira, com a providencial dose de eletrônica. As programações do tecladista baiano Mikael Mutti (re)forçam a atualidade de músicas como É proibido estacionar na merda, faixa já previamente apresentada em novembro, como primeiro single do álbum Incendeia.
Conceituada como “trap baiano” por Prado, É proibido estacionar na merda ostenta discurso menos sutil do que a ideologia exposta nos versos de Turbilhão e de Pífio, músicas em que a “poesia de resistência” soa mais burilada e afinada com a música. Contudo, Incendeia é disco pautado pela urgência, pela explosão do calor da hora e dos metais soprados por Marcelus Leone.
Capa do álbum ‘Incendeia’, de Caio Prado
Rafo Coelho
Dentro desse contexto musical e poético, Personagem entojado esquenta a chapa tanto no som cortante quanto no discurso que descortina hipocrisias sociais. Já O mesmo e o outro tem poesia que resiste até sem a música menos imponente. Se a música-título Incendeia expõe a tentativa do artista de se comunicar com público maior do que o círculo indie que ouviu o independente álbum anterior Variável eloquente (2014), Nossa sorte reitera essa veia em tese popular com melodia mais serena e com a participação da cantora amiga Maria Gadú.
No fecho, a majestosa regravação no toque do ijexá de Zera a reza (2000) – música pouco ouvida da lavra de Caetano Veloso, artista referencial na formação de Prado, compositor ainda em progresso – eleva a temperatura de Incendeia, com citação da gravação de Estórias de Ganhadeiras nas vozes do grupo baiano Ganhadeiras de Itapuã.
Juntamente com Mera, bela canção de melodia e poesia transcendental que ameniza o calor sonoro do disco, a abordagem de Zera a reza recomenda o nome de Caio Prado nessa cena que busca a afirmação da diversidade ao dar voz ativa às minorias, dispensando a servidão. (Cotação: * * *)

Fonte: G1 Música – Leia a matéria completa.

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