No Parque do Povo, palco de uma das maiores festas juninas do Nordeste, em Campina Grande, Paraíba, a expectativa é de que milhares de pessoas compareçam neste dia de São João (24), o auge das festividades, com shows de renomados artistas do forró, como Waldonys, Ton Oliveira e Geraldo Azevedo.
Com capacidade para 76 mil pessoas por dia, o espaço é fechado ao atingir sua lotação máxima, prática que deve se repetir nesta terça-feira, feriado municipal. Entretanto, o autointitulado maior São João do Mundo nem sempre teve a magnitude que apresenta hoje.
Até meados dos anos 80, a festa em Campina Grande, localizada no Planalto da Borborema, a 580 metros de altitude e a 126 quilômetros de João Pessoa, era de caráter comunitário. Assim como em várias cidades do Nordeste, os moradores se reuniam nas ruas com fogueiras acesas, decorando a praça e promovendo apresentações de forró em palhoças improvisadas.
Em 1983, a prefeitura começou a dar suporte à festa, que, naquele momento, ainda era modesta, desenvolvendo-se em uma palhoça na localidade conhecida como Coqueiros de Zé Rodrigues. Contudo, em 1986, o então prefeito Ronaldo Cunha Lima decidiu profissionalizar os festejos, consagrando Campina Grande como a sede do maior São João do Mundo, e foi nessa gestão que o Parque do Povo começou a ser construído, ocupando inicialmente 27 mil metros quadrados.
Nos primeiros anos de festividades, o calendário se estendeu além das comemorações de Santo Antônio, São João e São Pedro. “Não existe nada igual no Brasil; são 30 dias de festa ininterrupta, envolvendo todos os segmentos sociais”, afirmou um ex-prefeito em 1986.
Atualmente, a festa se estende por 38 dias (de 30 de maio a 6 de julho), atraindo mais de 3,5 milhões de visitantes e movimentando em torno de R$ 740 milhões. O Parque do Povo continua sendo a principal arena do evento, que em 2024 ganhou uma nova área ao incorporar o Parque Evaldo Cruz, expandindo sua zona para quase 40 mil m².
Diferente de outras festas juninas pelo Brasil, o Parque do Povo é cercado, mas a entrada é gratuita. Sua estrutura lembra um grande festival de música, com palco principal, palcos paralelos, áreas para apresentações de quadrilhas juninas e uma encantadora decoração. Além disso, conta com uma ampla praça de alimentação, formada por restaurantes renomados e barracas de ambulantes, totalizando mais de 400 pontos comerciais.
Os patrocinadores da festa atraem o público com jogos e distribuição de brindes. Valmir e Carmem França, aposentados e moradores de Recife, notaram a grande evolução do evento, afirmando que, quando estiveram na cidade há 30 anos, a festa era bem diferente.
José Ventura Barbosa, proprietário da Bodega do Ventura, restaurant tradicional na festa desde 1994, observou que a estrutura evoluiu ao longo dos anos de barracas de lona para um espaço que exige investimento de cerca de R$ 50 mil. Ele afirmou que a procura por seu restaurante está melhor que no ano anterior, mantendo 160 clientes simultâneos.
Outro ponto de destaque sempre foi a música. Embora o forró continue sendo o principal estilo musical, neste ano outros ritmos também ganharam espaço, como a música eletrônica de Alok, o brega de Priscila Senna e o rap de Hungria. Mateus Ernesto, administrador, comentou que o São João é uma festa popular que deveria abranger todos os gêneros musicais.
Artistas locais, como o Trio Forrozão Sem Frescura, buscam trazer um sabor autêntico à festa, mesmo que tenham sentindo a necessidade de valorizar mais seus cachês. As tradições e a identidade nordestina se reafirmam a cada ano, com avós e pais transmitindo esses valores para suas crianças durante as festividades.
Com um cenário vibrante, o Parque do Povo reúne casais, amigos e famílias, todos buscando celebrar a identidade nordestina nesta época do ano.
A equipe viajou a Campina Grande a convite da Petrobras.
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