BRASÍLIA – Novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), a bancada evangélica no Congresso Nacional, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) não indicou que pretende ter uma relação contínua e aberta com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não descartou ter um canal de diálogo para negociação de pautas.
De acordo com ele, uma frente parlamentar, independente da linha que segue, é “baseada em seus interesses”, age de forma “ideológica” e não atua em acordos com o governo. Essa parte, na visão de Nascimento, cabe aos partidos políticos.
“Nós estaremos totalmente abertos para conversar, para dar sugestões aqui no Congresso. E naquilo que o governo tiver interesse, nós realmente vamos nos somar nisso para colocar boas pautas para o Brasil através da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional”, declarou em entrevista ao O TEMPO Brasília.
Gilberto Nascimento venceu a eleição na última terça-feira (25) com o apoio de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele derrotou o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que demonstrou, nos últimos meses, uma aproximação a Lula – que tenta se inserir no grupo evangélico, voltado para a direita.
O líder da bancada afirmou que pediu um levantamento de pautas que serão debatidas pelo grupo nos próximos meses e citou os temas de interesse. Os assuntos giram em torno de projetos, por exemplo, contra a legalização de jogos de azar e cassinos, e muitos deles vão na contramão das defesas do governo.
“Todos esses projetos que estão na Casa têm que ser discutidos. Nós precisamos ver como é que eles estão, em que fase estão nas comissões. Nós não vamos nos furtar em nenhuma discussão que possa vir nessa direção”, disse sobre temas da ala conservadora, como a proibição ao aborto, inclusive em casos permitidos por lei.
Divisão na bancada
Nascimento negou haver uma divisão na bancada por conta da disputa entre ele e Otoni. Historicamente, a FPE elege seu coordenador por aclamação, situação que não se repetiu neste ano. Segundo ele, a disputa no voto é “natural”.
“O fato de ter essa disputa no voto não cria nenhum racha, nenhuma dificuldade. Quem tem a maioria dos votos, torna-se o presidente. E quem não tem, fica na expectativa, mas logicamente torcendo pelo outro. Esse era o compromisso que eu tinha com o deputado Otoni de Paula. […] A Frente Parlamentar Evangélica está mais unida do que nunca”, declarou, frisando que os dois já conversaram depois da eleição.
Outra candidata deixou a disputa momentos antes da eleição para construir um acordo “administrativo” com Nascimento. A deputada Greyce Elias (Avante-MG), que ficou como vice-presidente da FPE, assumirá o comando da bancada de forma interina em 2026. Isso, com a licença do presidente eleito no segundo ano do mandato.
“Eu tenho esse acordo com ela. Nós vamos tocar juntos nesse primeiro ano. No segundo ano eu vou me licenciar, ela então torna-se uma presidente em exercício e nós vamos cuidar junto da FPE. Vamos organizar seminários e rodar o Brasil para fazer novas propostas para sairmos desse antagonismo, da forma como as pessoas pensam ou como estamos chegando nesse radicalismo. Não é isso que o Brasil quer”.
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