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Com atendimento acessível e humanizado, AMORSaúde chega a Coronel Fabriciano para ampliar o acesso à saúde

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Lula não convoca para manifestações. Ele já não é um líder carismático popular. Lula detém um poder num arranjo que é baseado muito mais em suas relações de poder entre a elite governante do que no apoio da população nas ruas com as suas bandeiras.

O PT foi às ruas. Quem se recorda? O PT tomou a coragem de convocar uma manifestação, para mostrar a força do partido que venceu as eleições no Brasil. E assim, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, convocou em um vídeo postado nas redes sociais, o povo para estar nas ruas em defesa da democracia, numa manifestação agendada para o dia 23 de março de 2024: “Olá pessoal, passando por aqui pra lembrar que agora no sábado, dia 23, é o nosso dia nacional de mobilização em defesa da democracia, golpe nunca mais, sem anistia. Consulte aí na sua cidade onde será o ato. Pegue sua bandeira e vá participar. A defesa da democracia depende de nós, da nossa mobilização e da nossa força. Grande abraço.”

Para quem conhece a esquerda radical, há uma surpresa, deixaram pela primeira vez de misturar governo e partido. O partido fez a convocação, mas o governo não. Assessores muito próximos de Lula da Silva acharam que seria um erro fazer um ato público, porque seria medir forças com a mobilização de Jair Bolsonaro em 25 de fevereiro de 2024.

A desculpa que foi para a mídia, uma desculpa quase esfarrapada, que seria muito perto do dia 31 de março e poderia incomodar os líderes militares por causa da proximidade do aniversário do golpe militar de 1964.

A verdade é que a esquerda não tem mais a capacidade de mobilização que ela tinha quando os sindicatos, enriquecidos com imposto sindical, mobilizavam junto com a CUT milhares de pessoas para saírem às ruas com Lula. Desta vez não foi assim, visto que conforme a reportagem do jornal Poder360 mostra que mesmo tendo o governo do estado na Bahia, o PT não conseguiu reunir mais do que 818 pessoas em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, que diga-se de passagem, a fundação que abriga o acervo do escritor é reconhecida como patrimônio histórico, sendo um importante ponto de referência cultural que contribui para a preservação e divulgação da história e da literatura da Bahia. Vale a pena conhecer.

Mas, retornando ao assunto principal, 818 pessoas é um número ridículo, num lugar onde o PT tem o governo do estado, a prefeitura e apoiadores por toda a parte. Sequer os funcionários mais próximos do governo do PT foram à rua apoiar e fazer voz na manifestação que Gleise convocou, lembrando que Salvador era a principal cidade da convocação e para lá, a presidente do PT e o líder do governo no Senado Jaques Wagner se deslocariam para receber os aplausos da população e dos admiradores petistas. Não foi assim na Bahia.

E não foi assim nem em Belford Roxo no Rio de Janeiro, onde, aliás, o prefeito deu ponto facultativo, mas não era ponto facultativo para ficar em casa, para descansar ou para passar com a família. Era um ponto facultativo muito especial. Era para estar na inauguração de Lula, conforme áudio, disponibilizado na internet, desta diretora de uma escola de Belford Roxo: “Ó fizemos a reunião. Todo mundo sabe que terça-feira é ponto facultativo, mas não é ponto facultativo para gente ficar em casa, o objetivo do ponto facultativo foi porque queremos todos nós na inauguração e tudo, não é ponto facultativo, não foi emendado segunda, porque segunda é normal.  Então, conclusão, todos nós, terça-feira lá. Então o que vai ser feito:  vai ter a rota do Presidente, só que o povo não vai acompanhar tudo porque como vocês sabem a concentração é em frente do batalhão, que está sendo calçado, tudo organizado… e precisamos de todos.”

Nem assim, nem dando folga conseguiram lotar as ruas. Nem na Bahia, nem no Rio de Janeiro, nem em nenhum lugar do Brasil. Aquele Lula, o Lula popular, o Lula que enchia caravanas de sindicalistas para o acompanharem Brasil a fora, parece que não existe mais.

O líder petista testemunha uma queda preocupante em sua força eleitoral em todo o país. Nem mesmo nos piores pesadelos do PT este cenário poderia ser imaginado, especialmente com o amplo apoio que Lula tem recebido da grande imprensa, que tem contribuído para manter sua imagem polida perante parte da sociedade alcançada pelas mídias convencionais.

Até mesmo os mais otimistas no núcleo de Lula estão sendo enfáticos em reuniões internas com lideranças: a rachadura na grande muralha vermelha está ocorrendo em todos os estados brasileiros, sem exceção, ou seja, o plano do PT falhou.

Enfim, a versão Lula da cachacinha no balcão do boteco parece de fato ter desaparecido, transformando no Lula apreciador dos vinhos de milhares de reais em sua adega particular. O Lula que passeia, que viaja mundo afora com dinheiro público, mas não vai na vila popular, olhar a população de frente. O Lula que se queixa e pede mobilização dos movimentos populares, dos movimentos sociais, para arrumarem uma moradia para ele no início do governo, porque ainda não tinham achado os móveis do Palácio e ele era um sem Palácio, conforme suas falas transmitidas pelos meios de comunicação no dia 31 de janeiro de 2023: “Eu deveria estar falando lá no pequeno microfone do meu governo social para reivindicar do companheiro, o Rui Costa, o nosso querido chefe da Casa Civil, a casa para o Presidente da República morar, porque eu ainda não estou morando numa casa. Eu estou morando no hotel. Eu sou eu, na verdade sou sem casa, um sem Palácio. Vocês precisam ajudar a reivindicar o direito de eu morar. Porque já faz mais de 45 dias que eu estou no hotel, que não é brincadeira, é eu, Janja, e 2 ‘cachorra’, quem está dentro do hotel, a espera que a gente consiga liberar o Palácio da Alvorada, porque o cidadão que estava morando lá, me parece que não tinha nenhuma disposição e nenhuma intenção de cuidar daquilo, nem cama, a gente encontrou dentro do Palácio da Alvorada, no quarto, que é o quarto presidencial.”

Este é o novo Lula, o Lula que reclama de hotel 5 estrelas, versos, aquela história do partido dos trabalhadores que nasceu no confronto com o capital para ajudar a classe trabalhadora. Isso é história antiga para o PT.

O novo Lula é o Lula que não tem coragem de convocar o povo às ruas e, ao não fazer, as manifestações mixaram ainda mais.

Prova disso, foi o evento ocorrido no dia 1º de maio de 2024, no estacionamento da Neo Química Arena (Arena do Corinthians) em São Paulo, onde o Presidente Lula queixou-se do esvaziamento do ato em comemoração do Dia do Trabalhador. A mobilização foi organizada pelas centrais sindicais, mas o petista reclamou da “falta de convocação” com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo: “Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato, e eu disse pra ele: ‘Márcio, o ato tá mal convocado. O ato tá mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar. Mas, de qualquer forma, eu tô acostumado a falar com 1.000, com um milhão, mas também se for necessário eu falar apenas com a senhora maravilhosa que tá ali na minha frente pra conversar”, disse ao público. Ao lado de Lula no “1º de Maio Unificado”, o ministro Márcio Macêdo ficou visivelmente desconfortável.

O que Lula não entende ou não quer entender, é que não se trata de um ato mal convocado, mas sim, devido aos seus apoiadores não quererem ir às ruas para prestigiá-lo.

Uma vergonha para quem tem o poder no Brasil. Sim, é verdade. Lula tem o poder e a verdade, também, é que manifestação e protesto são instrumentos basicamente da oposição de quem está fora do poder, de quem almeja o poder, ou, de quem critica o poder como eu estou fazendo agora.

A figura do protesto a favor é uma coisa estranha, como um quadrado redondo. Não parece funcionar. Algumas pessoas lembram de Bolsonaro no 7 de setembro, quando ele estava no poder e convocou manifestações. Sim, mas não eram só manifestações a favor de Bolsonaro. Elas eram também uma manifestação, contra uma divisão do poder de Bolsonaro. Bolsonaro tinha o governo, mas não tinha todo o poder. Bolsonaro tinha um poder dividido. Ao contrário de Lula que tem um poder indivisível, um poder harmônico. Não independente entre si, mas harmônico com os demais poderes da União. Não era o caso com Bolsonaro. E por isso, Bolsonaro, mesmo estando no governo, convocou as manifestações do 7 de setembro, que tinham uma carga de reclamação, de contraposição, de levantamento de uma pauta contrária a alguém, ou seja, não era só apoio a Bolsonaro. E aqueles cartazes que eram erguidos, que diziam Supremo é o povo, lembram bem deste momento.

Portanto, grandes manifestações são tipicamente da oposição. Elas podem acontecer quando um líder carismático inflama e atrai para essas manifestações; manifestações a favor podem ocorrer, mas é preciso muita bala na agulha para convocar isso. É preciso muita coragem que Bolsonaro mostrou naquele 7 de setembro, num misto de apoio popular e contraposição a outros poderes. Lula preferiu não fazê-lo. Ele já não é um líder carismático popular. Lula detém um poder num arranjo que é baseado muito mais em suas relações de poder entre a elite governante do que no apoio da população nas ruas com as suas bandeiras.

A esquerda abandonou a sua velha pauta tradicional de defesa dos trabalhadores e agora aderiu à esquerda woke, à esquerda identitária nascida principalmente nos Estados Unidos, ou seja, um grupo de pessoas que tendem a ser identitárias, censuradoras ou puritanas em seu pensamento ou um “guerreiro cultural que não consegue aceitar o fato de que existem pessoas no mundo que discordam dele”. Isso enfraquece ainda mais a figura de Lula da Silva, que continua tropeçando nas palavras e não consegue comprar completamente o discurso identitário.

Esta é a nova natureza do governo do PT, um governo que não consegue mobilizar, que nem os funcionários mais próximos e nomeados pelos seus governos saem às ruas em sua defesa. É manifestação pela democracia? Parece que os aliados de Lula não vêem uma ameaça tão grande à democracia da forma como eles a entendem, não viram necessidade de sair às ruas para defender uma democracia. Talvez porque Lula tem mesmo esse poder indivisível, este poder pleno e mar calmo com a sua relação com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, participando de encontros, como num jantar na noite da segunda-feira(15/04/2024), na residência do ministro Gilmar Mendes, onde estiveram presentes os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin, bem como o ministro da Justiça e Segurança Pública Lewandowski e o Advogado-Geral da União Jorge Messias, conforme divulgado pela Folha de São Paulo. No jantar, ministros da Suprema Corte solicitaram o apoio do Chefe do Executivo, diante de propostas no Congresso que confrontam o STF. Na conversa, discutiram também as declarações do dono do Twitter/X, Elon Musk, em relação a Alexandre de Moraes. Ou seja, uma reunião de compadres para decidir os rumos da política no país.

Ano passado, Lula foi figura ativa durante toda a campanha eleitoral de Boulos que concorreu à prefeitura de São Paulo, porém, mesmo assim, não foi o suficiente, visto que foi reeleito o prefeito Ricardo Nunes.

O presidente Lula participou da propaganda eleitoral gratuita, apareceu em eventos ao lado do candidato, entrou em live e fez até ato pela Avenida Paulista na véspera do 1º turno. A estratégia seria repetida no 2º turno, mas a agenda de rua foi desmarcada, em cima da hora, pelo mau tempo. O acidente doméstico do petista que sofreu uma queda no banheiro uma semana antes da eleição, impediu que a caminhada fosse remarcada.

A presença de Lula foi tão forte durante toda a campanha, tanto que a primeira grande polêmica de Boulos aconteceu na presença do ‘padrinho político’. Durante um comício, no final de agosto de 2024, o Hino Nacional foi executado em linguagem neutra. A artista presente no evento cantou “des filhes deste solo és mãe gentil”, ao invés de “dos filhos”.

Após as críticas, o deputado federal classificou o episódio “como um absurdo” e afirmou que “não foi uma decisão da campanha”. A responsabilidade, segundo o candidato, foi da empresa promotora de eventos, que fez a contratação da cantora.

Neste ano de 2025, Lula preferiu evitar o risco de novo vexame e permaneceu em casa. A única atividade alusiva à data do dia do trabalhador foi um pronunciamento televisivo, exibido em cadeia nacional na noite de 30 de abril, em que repetiu as velhas histórias, com doses extras de populismo e um toque de deboche.

Enfrentando queda nas pesquisas de popularidade, agravada pela alta da inflação e dos preços dos alimentos, além de escândalos administrativos como o esquema de fraudes no INSS, Lula, que já ensaia a tentativa de reeleição, usa qualquer oportunidade para listar os supostos feitos do governo, anunciar os mesmos projetos de sempre, enaltecer a própria gestão e lançar propostas populistas. Com o 1º de Maio, não foi diferente.

Sem grandes coisas para dizer, Lula tentou ganhar pontos com o eleitorado explorando temas populares – uma estratégia bem ao estilo do marqueteiro do governo, Sidônio Palmeira. No pronunciamento, o petista anunciou, mais uma vez, a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e pegou carona na discussão sobre o fim da escala 6×1, que ganhou popularidade no ano passado após a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que estabelece uma jornada de trabalho de 4×3 – quatro dias de trabalho e três de descanso.

Sem citar a proposta de Hilton, o petista disse que o governo vai “aprofundar o debate” sobre o assunto e que “está na hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”. Atualmente, a Constituição permite jornada 6×1, ou seja, até 8 horas diárias e 44 semanais, o que equivale a seis dias de trabalho e um dia de folga por semana. A maioria dos brasileiros, contudo, já trabalha no sistema 5×2. Na Câmara, além da proposta da deputada do PSOL, há outros projetos de teor semelhante, mas qualquer discussão sobre o tema é complexa. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) estima que até 18 milhões de empregos podem ser extintos caso a medida avance sem um aumento proporcional da produtividade. Lula, portanto, embarca no desespero ao querer usar a proposta para alavancar sua popularidade.

Mas o ponto principal do pronunciamento foi outro. Lula, que até então havia evitado tocar diretamente no escândalo de fraudes no INSS, conhecido há pelo menos dois anos pela cúpula do instituto e pelo recém-demitido ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, resolveu, finalmente, abordar o tema. Segundo ele, foi graças à ação de seu governo que a fraude de descontos indevidos feitos por entidades em pagamentos de aposentados foi desmantelada. “Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019”, declarou o presidente.

Chega a ser uma provocação, Lula querer tratar o estouro das fraudes no INSS, que envolve inclusive uma associação sindical ligada ao irmão de Lula, o Frei Chico, como se fosse uma conquista ou realização do governo. O que houve, isso sim, foi a demora absurda do Ministério da Previdência em agir. A administração lulopetista tinha conhecimento das fraudes desde 2023, foi avisada várias vezes do problema, mas insistiu em fazer ouvidos surdos, esperando por supostos relatórios que nunca chegaram e deixou o problema se agravar. Foram, aliás, exatamente nos dois últimos anos que o número de filiados aos falsos sindicatos e associações cresceu absurdamente, evidenciando a dimensão das fraudes.

Se Lula queria usar o 1º de maio para falar com os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, errou feio.

Enfim, a continuar assim, o PT logo vai perder de vez a mão da sua relação com o povo brasileiro. A população mais pobre espera políticas públicas do governo, algo que ainda não acontece. Lula comanda o seu governo olhando pelo retrovisor. Todo o noticiário nacional é sobre Jair Bolsonaro e não sobre medidas do governo de Lula da Silva. Lula aparece menos no jornal do que Bolsonaro e vai se distanciando cada vez mais da sua base.

Não vai demorar para que o povo veja cada vez mais em Lula uma figura estranha. O apoio de Lula da Silva vai minguando cada vez mais. E, se continuar assim caros leitores, chegará ao tempo em que o PT terá uma nova oportunidade de reunir pessoas nas ruas, porque logo estará de novo na oposição, que é o seu lugar.

Por Alexandre Magno

                                                                                                          

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