O número de pessoas interessadas em comprar um imóvel em Belo Horizonte quase dobrou entre janeiro e abril deste ano. De acordo com o Índice de Confiança no Setor Imobiliário Loft, feito em parceria com a Offerwise, em janeiro de 2025, 6% dos moradores da capital diziam ter a intenção de adquirir um imóvel nos próximos seis meses. Em abril, esse percentual saltou para 10%. Além de BH, também registraram aumento no interesse de compra de imóveis no período: Porto Alegre (de 4% para 10%), São Paulo (de 5% para 11%) e Rio de Janeiro (de 5% para 10%).
O crescimento no interesse coincide justamente com o anúncio de mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que ampliou os tetos de valores e renda para famílias interessadas em financiar a casa própria. Em 15 de abril, o governo federal apresentou o novo pacote habitacional ao Conselho Curador do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) voltado para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, que poderão comprar imóveis até R$ 500 mil.
Conforme anunciado pelo governo, a nova linha de financiamento prevê condições facilitadas de crédito, como prazos de pagamento de até 420 meses e juros nominais de 10% ao ano, taxas abaixo das praticadas pelo mercado. A expectativa é beneficiar cerca de 120 mil famílias.
O aumento no interesse de comprar imóveis em BH acontece mesmo em um período em que a Taxa Básica de Juros (Selic) opera em patamares elevados (14,75% atualmente). “O setor de compra e venda está muito resiliente, mesmo com o aumento da taxa de juros, e agora apresenta até perspectiva de aumento de vendas. A pesquisa aponta que há crescimento da intenção de compra em todas as classes sociais”, afirma o gerente de dados da Loft, Fábio Takahashi.
De acordo com o índice de confiança da Loft, entre janeiro e abril, na classe A, o percentual de interessados em comprar imóveis saltou de 10% para 18%, na classe B, de 5% para 13%, e nas classes C, D e E, de 5% para 8%. “O crescimento na intenção de compra de imóveis entre as classes C, D e E pode ser atribuído a uma combinação de fatores. Um deles é que o desejo da casa própria continua sendo uma prioridade para muitas famílias brasileiras, especialmente entre as classes mais populares”, diz Takahashi. “A pesquisa também indica um início de melhora das condições que as famílias veem nas suas condições financeiras para o futuro”, completa.
Para Takahashi, muitas pessoas também devem buscar imóveis com intenção de investir. “Há uma parcela que está olhando a compra de imóvel para buscar retorno com aluguel, que tende a se valorizar devido ao aumento da taxa de juros, que pode diminuir as vendas em algum momento”, afirma Takahashi.
A Loft entrevistou 1.200 pessoas nas principais capitais das regiões Sudeste e Sul do país entre 4 e 25 de abril.
Desconto do MCMV é atrativo
De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a Faixa 4 do MCMV oferece condições bem mais vantajosas que as médias praticadas pelo mercado atualmente. No MCMV, os juros são de 10% ao ano + taxa referencial. Já o juro praticado pelo mercado gira em torno de 13%.
Em uma simulação feita pela Abrainc, é possível ver que, na prática, os efeitos são bem expressivos. Para a compra de um imóvel de R$ 500 mil, uma família com renda mensal de R$ 11 mil poderá financiar o bem com uma parcela mensal de R$ 3.300 pela Faixa 4. O mesmo financiamento teria uma parcela de R$ 3.700 via Caixa Econômica e de R$ 4.200 em bancos privados — o que exigiria uma renda de R$ 14 mil para manter o mesmo nível de comprometimento.
Conforme estudo da Abrainc, o mercado imobiliário brasileiro manteve sua trajetória de crescimento nos últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2025, com destaque para o forte desempenho dos lançamentos, que registraram alta de 23,4% nesse período. E o MCMV impulsionou o avanço do setor, com um crescimento de 29,7% nos lançamentos em unidades e de 29,6% em valor. Também houve alta no segmento de Médio e Alto Padrão, com incremento de 5,5% nas unidades lançadas e 20% no valor dos empreendimentos.
Em BH e Nova Lima, foram registrados R$ 1,3 bilhão em vendas de imóveis no primeiro trimestre, um aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Abrainc. Já os lançamentos foram mais de R$ 1 bilhão, em termos de valor, no primeiro trimestre, um aumento de 21%.
Takahashi avalia que saldo no setor imobiliário é positivo. “O mercado imobiliário em Belo Horizonte mantém-se aquecido, mesmo diante da valorização contínua dos imóveis e do cenário macroeconômico de juros elevados. O crescimento expressivo no número de lançamentos, especialmente no segmento de apartamentos econômicos, revela uma demanda consistente por moradias com bom custo-benefício, localizadas em bairros estratégicos da capital”, diz.
Cidade | Janeiro 2025 | Abril 2025 |
---|---|---|
Belo Horizonte | 6% | 10% |
Porto Alegre | 4% | 10% |
Rio de Janeiro | 5% | 10% |
São Paulo | 5% | 11% |
Fonte: Índice de Confiança Loft / Offerwise
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