O recorde na produção de cana-de-açúcar alcançado por Minas na última safra chama atenção para a possibilidade do preço do etanol se tornar mais competitivo em relação ao da gasolina. A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) revelou que, no período 2024/2025, o Estado processou 83,1 milhões de toneladas de cana, consolidando o maior volume já registrado na história da atividade mineira. Diante disso, surge o questionamento: com maior disponibilidade de matéria-prima, o biocombustível poderia ter o custo reduzido?
O levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgado nesta semana mostrou que, em Minas, o etanol tinha paridade de 69,82% ante a gasolina no período de 4 a 10 de maio. O índice é quase o mesmo usado por especialistas do setor para determinar quando abastecer com o derivado da cana-de-açúcar está mais vantajoso que com o de petróleo (70%).
Mesmo com a alta produção de cana, o presidente da Siamig, Mário Campos, diz que não é possível prever alterações no preço do etanol. “O que a gente tem que avaliar é os elementos que podem fazer com que os valores flutuem mais para cima ou para baixo. Então, o primeiro ponto importante é que não se pode analisar só o que está acontecendo em Minas Gerais, pois é preciso considerar todo o contexto brasileiro. A seca que a gente teve aqui, também ocorreu em São Paulo, que é o maior produtor. Então, o segmento deve sofrer retração na passagem da safra 24/25 para 25/26, e, consequentemente, teremos menor produção de cana.”
No entanto, Mário ressalta que o fato de o etanol também ser produzido a partir do milho fará com que “em termos volumétricos” o setor não tenha perda. “O segmento de milho tem crescido muito nos últimos anos e vai suprir toda essa redução de etanol que a gente teve a partir da cana. Então, o volume de produção será muito próximo ao do ano passado, em torno de 34 bilhões de litros.”
O presidente da Siamig ainda comenta sobre a comparação de preços. “Atualmente, o mercado de petróleo trabalha com um patamar mais baixo que o do ano passado. Recentemente a Petrobras reduziu os custos do óleo diesel. Então, é importante observar essa dinâmica para ver se o valor da gasolina vai oscilar. É isso que pode impactar a relação do preço etanol/gasolina e a percepção do consumidor quanto a abastecer com um ou outro produto. Porém, o que vemos hoje é um mercado mais estável, sem grandes mudanças,” finaliza.
Próxima safra
Para a safra 2025/26, Mário estima que haverá queda da produção de cana de açúcar em cerca de 7%. “Tivemos uma seca muito severa durante todo ano passado, e a cana de açúcar é uma cultura que a gente colhe e ela rebrota. Então a estiagem prejudicou muito a rebrota, o que impactará a produtividade neste ano, principalmente no Triângulo Mineiro – maior região produtora do Estado. Essa redução só não vai ser maior porque o setor investiu em aumento de área, crescendo de 6% a 7%. Mas esperamos novos recordes e recuperação da produtividade nos próximos anos.
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