O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% em 2024 e alcançou R$ 11,7 trilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (07/03). Este é o melhor resultado desde 2021 (4,8%), considerado um ano atípico devido à recuperação inicial da economia no contexto da pandemia de Covid-19.
O indicador é maior do que o projetado no início de 2024 — quando o boletim Focus, do Banco Central, previa um crescimento de 1,59%. Ao longo do ano, as projeções aumentaram e terminaram próximas do crescimento apurado.
O cálculo do IBGE considera dois fatores: a oferta e a demanda. Do lado da oferta, estão a produção da indústria, dos serviços e da agropecuária. Do lado da demanda, o consumo das famílias, o consumo do governo, os investimentos e as exportações menos as importações.
No campo da oferta, o aumento do PIB foi impulsionado pela alta dos serviços e da indústria, que cresceram 3,7% e 3,3%, respectivamente. Por outro lado, a agropecuária teve uma queda de 3,2%, em um ano de intempéries climáticas extremas que afetaram fortemente a oferta e o preço dos alimentos. Pela ótica da demanda, o maior impulso foi do consumo das famílias, que avançou 4,8%.
Considerando apenas o quarto trimestre de 2024, o PIB mostrou relativa estagnação, com leve variação positiva de 0,2% frente aos três meses imediatamente anteriores, disse o IBGE.
O que explica o resultado do PIB de 2024
Em 2024, a atividade econômica teve impulso de medidas de estímulo do governo Lula (PT) e do desempenho positivo do mercado de trabalho, que mostrou queda do desemprego e aumento da renda. A conjuntra levou o PIB a um crescimento acima do previsto inicialmente por analistas e pelo governo.
Para se ter uma ideia, ao final de 2023, a mediana das estimativas do mercado financeiro indicava um avanço de apenas 1,52% em 2024, de acordo com o boletim Focus, do BC (Banco Central). O Ministério da Fazenda tinha uma projeção de 2,2% para o resultado do ano.
Manter a economia aquecida, porém, ficou mais difícil a partir do segundo semestre do ano passado, quando o BC passou a subir a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação.
Para 2025, as estimativas do mercado sinalizam uma desaceleração do PIB a 2,01% no acumulado do ano, indica o boletim Focus.
A Selic começou a subir em setembro, está em 13,25% ao ano e deve fechar dezembro em 15%, de acordo com a mesma publicação. A alta da taxa de juros tenta esfriar a demanda por bens e serviços para conter os preços. O efeito colateral do crédito mais caro é o obstáculo ao consumo e aos investimentos produtivos, vetores do PIB.
Além do aperto dos juros, menos espaço fiscal para estímulos do governo à economia também deve pesar neste ano, segundo analistas.
O Ministério da Fazenda projeta um crescimento de 2,3% para o PIB de 2025, conforme revisão anunciada em fevereiro. A estimativa do governo é maior do que a mediana do mercado (2,01%), mas também sinaliza uma desaceleração ante 2024.
Se de um lado os juros desafiam o consumo e os investimentos, de outro a perspectiva de recuperação da safra tende a ajudar o PIB, principalmente no começo do ano. Por ora, as estimativas sinalizam recorde para a produção de grãos em 2025, após problemas climáticos em 2024.
Parte dos analistas teme que, mesmo com os alertas sobre o quadro fiscal, o governo Lula adote novas medidas de estímulo ao PIB em meio à trajetória de queda da popularidade do presidente.
Uma das questões que estariam por trás da aprovação em baixa seria a inflação dos alimentos. Estudo recente da consultoria LCA indicou que o patamar elevado dos preços ofuscou a percepção de melhora da renda do trabalho e da atividade econômica.
Para frear a inflação, o governo anunciou, na quinta (06/03) que vai zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleo de girassol, óleo de palma, azeite, sardinha e açúcar. Associações, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua. O aumento do óleo diesel e do frete pressiona os alimentos e pode ameaçar as ações do governo para conter os preços da comida.
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