TIMÓTEO – Dando continuidade à etapa de oitivas, os membros da CPI criada para investigar possíveis irregularidades no contrato e na prestação de serviços no hospital de Timóteo, por parte da gestora Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) e/ou do Município, receberam, na manhã desta terça-feira (01), os depoimentos do diretor financeiro do HMTJ, Benedito Jendiroba; do gerente operacional, Rafael Campello – ambos na condição de investigados –; e do gerente de suprimentos, Jefferson Mendonça, na condição de testemunha. Um advogado acompanhou a oitiva dos três.
O primeiro a ser ouvido foi Jefferson Mendonça, que está no cargo de gerente de suprimentos desde 2013, sendo responsável pela aquisição de insumos e equipamentos para o hospital.
O presidente da CPI, vereador Adriano Alvarenga, começou os trabalhos relembrando a situação encontrada pelos vereadores durante uma visita feita ao hospital, que ele caracterizou como “caos”. “A situação era de falta de muitos insumos, desde esparadrapo, enxoval, cateteres e medicamentos diversos. Por que faltaram esses insumos nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano?”, questionou o presidente da CPI.
O gerente de suprimentos não soube responder. “Não sei. Mas não houve omissão de compras, nem orientação para redução de compras. Talvez algum problema de limite ou atraso do fornecedor”, relatou Jefferson. Adriano Alvarenga solicitou que a Câmara fizesse um requerimento para obter as seguintes informações do HMTJ: todas as compras, mês a mês, realizadas pelo setor de suprimentos da Therezinha de Jesus durante o contrato com o Município.
Em seguida, foi a vez do gerente de Operações do HMTJ, que está no cargo desde 2012, responder às perguntas da Comissão. O presidente da CPI também fez questão de relembrar o cenário encontrado no início deste ano no hospital da cidade. “Encontramos um espaço com reclamações de servidores, médicos, fornecedores e pacientes. Uma péssima qualidade assistencial. O cardiotocógrafo e o sonar não estavam funcionando corretamente na ala da pediatria. Um caos”, contou Adriano.
Rafael disse que o HMTJ fez um bom trabalho, tendo certificados de qualidade. Disse ainda que, sobre a divergência de dados de atendimento que permitem o faturamento, o Município é o responsável por alimentar o sistema do Ministério da Saúde, portanto, é quem deve responder. Sobre a questão do faturamento não ter sido realizado nos três primeiros meses deste ano, Rafael afirmou não ter sido informado. Quanto à dívida do Município com o hospital, disse ter conhecimento.
Adriano perguntou ao gerente de Operações sobre a divergência de valores que o Município diz dever ao HMTJ. “A administração passada empenhou o mês de dezembro de 2024 para ser pago em 2025 e afirmou que, antes de dezembro, não havia outras pendências. Só que vocês estiveram aqui e disseram que havia R$ 11 milhões de dívida da gestão anterior. A Therezinha de Jesus precisa dizer qual é o valor certo a receber. Alguém tem que pagar os médicos, os fornecedores que estão sem receber: ou o Município ou o HMTJ”, explanou Adriano.
Rafael Campello disse que os valores e números estão sendo tratados na Justiça. “Entendemos que devemos receber. Queremos, assim como esta CPI, resolver essa questão. Não foi por abandono ou irresponsabilidade por parte da gestão da Therezinha de Jesus. Não mudamos em nada nossa postura. Em janeiro, recebemos R$ 72 mil, quando deveríamos ter recebido um pouco mais de R$ 3 milhões. Não temos ganho financeiro como uma organização social. Estamos judicializando para resolver isso o quanto antes. E não tem cunho político com a mudança de gestão do Município. Não posso dar detalhes para que não haja prejuízo no processo”, pontuou Campello.
Por fim, o diretor financeiro do HMTJ desde 2013, Benedito Jendiroba, também prestou depoimento. Segundo ele, o contrato previa o pagamento por parte do Município, independentemente do cumprimento de metas. Afirmou que há, com toda certeza, um passivo a receber da Prefeitura, e que este seria suficiente para pagar fornecedores e colaboradores. Reforçou que o devedor, no contrato, é a Prefeitura – parte da administração anterior e parte da atual.
Benedito disse que a situação de caos, em fevereiro deste ano, já refletia a falta de recursos. Sobre o atraso no faturamento dos três primeiros meses, ele acredita ter sido um problema de interface do sistema que é alimentado. “Afirmo com todas as letras que o Município tem passivo a pagar para a Therezinha de Jesus, e esse passivo cobre os custos de médicos e fornecedores que precisam receber. Além disso, qualquer sobra de resultado temos que devolver ao contratante, porque somos uma entidade filantrópica”, ressaltou o diretor.
O presidente da CPI fez alguns outros encaminhamentos para prosseguir com os trabalhos. Pediu a lista de todos os médicos que tinham contrato por CNPJ com o HMTJ e também que fosse contatado o responsável pelo setor de contratos do HMTJ para ser ouvido.
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