SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar e a Bolsa estão em queda nesta quinta-feira (5), com os investidores focados nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, além de dados económicos da maior economia do mundo.
Às 11h13, a moeda norte-americana apresentava perdas de 0,70%, cotada a R$ 5,604. Já a Bolsa perdia 0,26%, a 136.636 pontos.
Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping mantiveram uma conversa por telefone nesta quinta-feira, conforme informações do Ministério das Relações Exteriores da China. Este foi o primeiro contato formal entre os líderes desde que Trump reassumiu o cargo, sendo que a última conversa conhecida entre eles aconteceu em janeiro.
O telefonema, que teve origem com Trump, segundo a agência estatal chinesa Xinhua, não trouxe detalhes adicionais.
A relação entre as duas potências tem se deteriorado nas últimas semanas, com acusações mútuas sobre violações do acordo comercial firmado em maio. Analistas de mercado acreditam que este contato pode abrir portas para uma nova trégua.
Um ponto crítico da discussão tem sido o controle sobre terras raras. Os EUA acusaram a China de não cumprir promessas de flexibilização nos controles de exportação de metais essenciais para a indústria eletrônica. Por sua vez, Pequim expressou descontentamento com novas restrições dos EUA relacionadas à venda de software de design de chips e a intenção de revogar vistos de estudantes chineses.
Trump tem defendido que o contato direto com Xi é a única forma de resolver conflitos, enquanto Xi preferiria que seus assessores lidassem com as questões sensíveis.
A expectativa de uma conversa entre os líderes gerou um alívio no mercado, resultando em um aumento no apetite por risco. Os futuros de ações dos EUA subiram, enquanto o índice DXY, que acompanha a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, caiu 0,46%, a 98,37 pontos.
A fraqueza do dólar se insere em um contexto onde a economia dos EUA parece estar sendo afetada negativamente pela política comercial de Trump. Dados de maio têm apresentado resultados abaixo do esperado. O relatório do ADP, que mede a criação de empregos no setor privado, indicou a abertura de apenas 37 mil postos de trabalho, muito aquém da expectativa de 110 mil.
Além disso, foi noticiado que os pedidos semanais de auxílio-desemprego aumentaram para 247 mil, superando as expectativas que estavam em 235 mil, enquanto o déficit comercial ficou em US$ 61,6 bilhões em abril.
Os próximos dados a serem divulgados, incluindo o payroll na sexta-feira, são aguardados com expectativa, como um termômetro da saúde do mercado de trabalho e um indicativo para as decisões do Fed, o banco central dos EUA.
“Esses dados reforçam a suposição de que a economia norte-americana está desacelerando rapidamente devido ao impacto das tarifas e da incerteza nas políticas econômicas, levando investidores a diversificar suas carteiras”, afirmou Leonel Mattos, analista de mercado da StoneX.
No cenário internacional, a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar a taxa básica em 2% ao ano também foi repercutida pelos investidores, que perceberam um sinal positivo sobre a disposição do BCE para enfrentar a incerteza econômica.
No Brasil, a atenção continua voltada para questões fiscais. O governo está em busca de soluções para o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que medidas fiscais estruturais serão discutidas em uma reunião com lideranças do Congresso no domingo.
A crescente popularidade do presidente Lula, que é vista como negativa em 43% dos casos, enquanto apenas 26% têm uma avaliação positiva, gera preocupações sobre possíveis medidas fiscais para corrigir a imagem do governo.
“A queda na aprovação pode levar a um aumento da oferta fiscal para melhorar a imagem do presidente”, observou Matheus Massote, especialista do One Investimentos. “Entretanto, espera-se um dia mais tranquilo no mercado.”
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