A Petrobras divulgou nesta quarta-feira (26) um prejuízo significativo no 4º trimestre de 2024, atribuído principalmente à alta do dólar, mas os analistas destacam a relevância de fatores chamados de “eventos exclusivos” que impactam os resultados da companhia.
No balanço, a empresa anunciou um lucro anual de R$ 36,6 bilhões em 2024, refletindo uma queda de 70% em relação ao ano anterior. O resultado inclui um prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre, em contraste com um lucro de R$ 33 bilhões no mesmo período em 2023.
Os chamados eventos exclusivos, que somam um prejuízo de R$ 52,6 bilhões, incluem R$ 27,5 bilhões apenas oriundos de perdas com variação cambial. A empresa optou por destacar esses números em seu relatório contábil, buscando facilitar a compreensão do desempenho.
A principal executiva, Magda Chambriard, ressaltou que a queda está atrelada a uma questão de natureza contábil que, segundo ela, não afeta diretamente o caixa da empresa. “As dívidas da Petrobras com suas subsidiárias no exterior foram impactadas pela variação cambial”, disse.
Se desconsiderados os eventos extraordinários, o lucro da Petrobras seria de R$ 102,9 bilhões, um declínio de 19,7% perante 2023. Contudo, a análise de Renan Pieri, professor da FGV/EAESP, aponta que a redução do fluxo de caixa é um sinal de alerta para o desempenho financeiro da estatal.
Os recibos de ações da Petrobras (ADR) caíram cerca de 7% no after market, cotados a US$ 13,29. A expectativa de lucros anuais estava bem acima, sendo estimada em US$ 14,6 bilhões (R$ 83 bilhões).
Esse desvio, segundo a empresa, é resultado da “deterioração do ambiente externo” e da queda nos preços do petróleo, além das margens de refino no segmento.
O dólar teve uma alta acumulada de 27,50% em 2024, atingindo R$ 6,18 em janeiro e chegando a R$ 5,79 nesta quarta.
Os analistas, como Ruy Hungria da Empiricus, comentam que a redução esperada nas receitas e no Ebitda não era uma surpresa, mas o impacto dos eventos extraordinários é significativo. “Estes eventos não são recorrentes, mas a magnitude é notável e isso pode afetar o desempenho das ações”, comentou.
A produção de petróleo da Petrobras também enfrentou uma diminuição de 3%, resultando em 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia, devido a manutenções em plataformas marítimas. Além disso, as vendas de gasolina e diesel tiveram quedas de 4,1% e 2,8%, respectivamente.
Embora o dólar tenha implicado perdas para a empresa, também existe uma receita em dólar que pode equilibrar esses resultados no futuro. Lucas Sigu Souza, sócio da Ciano Investimentos, prevê que no primeiro trimestre de 2025, a companhia reportará lucros que compensarão as perdas atuais.
A Petrobras, ao longo de 2024, teve apenas aumentos pontuais nos preços dos combustíveis, refletindo a volatilidade do mercado de petróleo. Apenas uma correção foi feita na gasolina, e nenhuma mudança no preço do diesel foi implementada, exceto um repasse de alta de custos no início de fevereiro.
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