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Estudante de medicina telefona para pacientes do SUS após a consulta e vídeo viraliza nas redes sociais

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O simples ato de fazer uma ligação se tornou ferramenta importante na humanização do atendimento médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Caravelas, em Ipatinga, no estado de Minas Gerais. Lá, desde o início deste ano, estudantes de medicina em período de estágio têm buscado adotar práticas de aproximação com os pacientes da região. Recentemente, um dos vídeos que mostra a rotina do futuro médico Lurdiano Freitas viralizou, e já teve mais de 416 mil visualizações no Tiktok.

No registro, Lurdiano fala sobre o propósito de ajudar as pessoas com a profissão e apresenta o projeto Ligações de Afeto, criado por ele e desenvolvido ao lado da colega de estágio Luana Clara, sob supervisão da professora Dra. Aiala Xavier. As imagens mostram o momento em que o estudante liga para um dos pacientes da unidade, identificado como sr. Joaquim, uma semana após o atendimento.

Lurdiano também se dispôs a levar o paciente para buscar o resultado de um exame em laboratório. Depois, o deixa em casa. A ideia, segundo o estudante, surgiu após a identificação da necessidade de uma atenção maior à construção de uma relação médico-paciente nas unidades públicas. Segundo Lurdiano, as ligações — procedimento já adotado nas medidas de Atenção Básica à Saúde — poderiam ser aliadas dos médicos na busca pelo atendimento humanizado.

— A gente tava atendendo e percebeu que os pacientes do SUS não estavam conseguindo voltar para as consultas. E a gente não entendia o porquê, não conseguia dar sequência no tratamento. Eu não tinha notícia se a minha prescrição tinha sido eficaz. Do ponto de vista técnico, é muito importante que a gente tenha esse resultado, esse acesso, para saber onde melhorar — explica.

Os estudantes Lurdiano e Luana começaram, então, a pensar em maneiras de conseguir manter contato com os pacientes, e chegaram à ideia das ligações, geralmente realizadas na semana seguinte ao atendimento no consultório. O plano teve efeito positivo, e eles perceberam que era o momento de ampliá-lo. Nascem, assim, as “Ligações de Afeto”.

Atualmente, o projeto engloba a UBS Caravelas e o ambulatório da Faculdade de Ciências Médicas Afya, onde os estudantes fazem a graduação. A metodologia foi estruturada em quatro etapas básicas, que conduzem os temas a serem abordados na ligação e a interação com o paciente. São eles:

  • Interação pessoal
  • Interação ambulatorial
  • Interação preventiva
  • Interação informativa

— Não é uma ligação aleatória, sem um início-meio-fim. A gente tem todo o cuidado de não deixar o paciente vulnerabilizado diante da ligação, para não se sentir constrangido, e a gente segue uma metodologia. O paciente não vai estar interessado em saber o que você tem a dizer enquanto você não mostrar que está interessado nele — diz Lurdiano.

E a ligação é apenas uma das abordagens possíveis dentro do que o estudante de medicina considera ser seu “estilo de vida”. Antes, ele já havia adotado os Recados de Afeto, que são mensagens positivas disponíveis na recepção da Unidade de Saúde e dentro do consultório. Além disso, segundo Lurdiano, é possível pensar em uma série de maneiras de humanizar atendimentos voltados a todos os tipos de pacientes, em todas as idades e realidades sociais.

A intenção do estudante com a medicina, segundo ele, vem da infância, com uma criação ligada a atos humanitários e de cuidado.

— Só estou aplicando o que aprendi durante a minha vida. Sendo eu mesmo atendendo os meus pacientes — diz.

Com a repercussão, outras unidades de saúde já convidaram os estudantes para treinamentos e capacitações Brasil afora.

— Nossa ideia é implementar isso como prática de todas as pessoas. Já temos convites de UBS para capacitar os profissionais para realizar as Ligações de Afeto. A gente quer treinar as pessoas para que isso aconteça, como parte curricular do processo de aprendizagem. Quem sabe a gente não possa criar outra prática?

Confira a matéria completa em: oglobo.globo.com

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