Na segunda-feira (13/1), a torcida do Santa Cruz lotou as ruas do bairro Arruda, no Recife, para celebrar. A festa e os fogos de artifício poderiam levar a crer que o tricolor havia conquistado um título. Entretanto, a comemoração foi por outro motivo: uma assinatura de R$ 1 bilhão por parte de um ex-conselheiro do Atlético.
Márcio Cadar esteve no Conselho do Galo até 2019. Agora, ao lado do empresário Vinícius Diniz, assinou proposta vinculante para adquirir 90% da SAF do Santa Cruz, que está na Série D do Campeonato Brasileiro. A dupla mineira projeta investimento de R$ 1 bilhão e tem como meta levar o Santinha de volta à elite nacional em quatro anos,
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Cadar explicou o projeto e falou sobre a relação atual com o Atlético e os gestores do clube.
“Vi uma oportunidade gigantesca no Santa Cruz. Transformar o time e levar de novo a para a Série A. Esse é o nosso grande objetivo. (…) Como operação financeira, desconheço uma oportunidade melhor. Além de ser um clube muito querido, né? É um clube que todo mundo gosta, impressionante”
Márcio Cadar, ex-conselheiro do Atlético e novo dono do Santa Cruz
Pronunciamento oficial dos investidores da saf: Vinícius Diniz e Márcio Cadar pic.twitter.com/VTsJpuKFY8
— Santa Cruz F.C. (@SantaCruzFC) January 14, 2025
Apesar de ainda não ter assumido a gestão do clube, Cadar contou que já pensa na reforma do Arruda – estádio do Santa Cruz que é o maior de Pernambuco, com capacidade para mais de 60 mil pessoas.
“Já estamos conversando com algumas pessoas para ver o que a gente consegue melhorar de imediato no Arruda. Para, assim que a gente tiver a caneta na mão, entrar lá. Temos que fazer como se fosse um reconhecimento de campo – saber as questões emergenciais do Arruda, e começar a agir quando estivermos com a caneta na mão”, relatou.
SAF quer levar Santa Cruz para Série A
O empresário acredita que as SAFs são o futuro da gestão do futebol brasileiro. Junto com a alegria da torcida, Cadar entende que, a partir de agora, as expectativas serão maiores em relação ao Santa Cruz. Por outro lado, garante que já tem orçamentos definidos para disputar todas as divisões do futebol nacional – e já mira na Série A.
“Não posso cravar que vai ser uma série por ano, são objetivos a serem cumpridos. Mas realmente temos a expectativa de subir uma divisão por ano para voltar com o Santa Cruz para a elite do futebol nacional“, disse.
Após 10 meses sem jogar, o tricolor foi eliminado logo na primeira fase da Copa do Nordeste, para o Treze-PB. Na temporada ainda restam o Campeonato Pernambucano e a Série D do Brasileiro. O Estadual já está em curso e será disputado antes da nova gestão da SAF assumir, já que a expectativa é que os investidores tomem o controle do clube para a Quarta Divisão nacional.
“Nós ainda não assumimos o clube, só assinamos uma carta de contrato de intenção vinculante. Só vou assumir o clube depois que passar pela diligência e for aprovado no conselho e nos sócios. Tem um trabalho muito grande pela frente até a gente ter efetivamente a caneta da mão. Nossa ideia é que dê tudo certo, e a gente consiga assumir o time já para fazer alguma coisa para a Série D neste ano”.
- Leia mais: Clube mineiro negocia venda de SAF a fundo de investimento após desacordo com ex-Cruzeiro
Atual relação com o Atlético
Cadar deixou o conselho do Galo em 2019 após não aprovar as contas do clube do ano anterior. Na época, ele foi o único entre cerca de 200 conselheiros a se posicionar contra os números e as explicações apresentados pela gestão do então presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara.
“Eles me tiraram do Conselho porque já era meu último ano. Na votação seguinte eu já não estava mais na lista de conselheiros. Confesso que não fez muita diferença para mim, porque senti que o trabalho já tinha sido cumprido. Mas continuo tendo uma relação ótima com a torcida, né? A torcida sempre me escuta, sempre que twittava alguma coisa me escutavam, mas agora o meu foco total é no Santa Cruz”
Márcio Cadar, ex-conselheiro do Atlético e novo dono do Santa Cruz
O empresário ainda criticou a comunicação e a relação com a torcida da atual gestão da SAF do Atlético, mas disse ter boa relação com os dirigentes e mostrou expectativa de melhora.
“Acho que eles estão falhando, pecando na comunicação com a torcida. Você tem que ter uma proximidade com a torcida, e eles estão falhando nessa parte. Mas, fora isso, entendo perfeitamente o que eles querem fazer. Acho que são pessoas do bem e querem o bem do Atlético. A única coisa que eu posso falar é que, na minha opinião, eles estão falhando na questão da comunicação. Agora com a volta do Domênico Bhering acho que isso vai melhorar muito. Ele tem muita experiência e conhece a torcida, trabalhou mais de 20 anos no Atlético”, completou.
Leia a entrevista com o novo dono do Santa Cruz na íntegra
De onde surgiu o interesse em investir no Santa Cruz?
O Santa Cruz me foi apresentado por um grupo de pessoas que são amigos meus lá de Recife. Como gosto de futebol, minha história já é bastante conhecida principalmente com o pessoal da torcida do Atlético, analisei e vi uma oportunidade gigantesca no Santa Cruz. Transformar o time e levar de novo a para a Série A. Esse é o nosso grande objetivo. Tem um potencial enorme: a torcida é um potencial enorme, o Arruda é um potencial enorme… Como operação financeira, desconheço uma oportunidade melhor. Além de ser um clube muito querido, né? É um clube que todo mundo gosta, impressionante. Nos quatro cantos do Brasil é um time que todo mundo gosta. É como se fosse aquele segundo clube do coração.
Qual é o investimento planejado para os próximos anos?
A gente já tem orçamento de investimento para as Séries D, C, B e A. Nós ainda não assumimos o clube, só assinamos uma carta de contrato de intenção vinculante. Só vou assumir o clube depois que passar pela diligência e for aprovado no conselho e nos sócios. Tem um trabalho muito grande pela frente até a gente ter efetivamente a caneta da mão. Nossa ideia é que dê tudo certo, e a gente consiga assumir o time já para fazer alguma coisa para a Série D neste ano.
Como vocês receberam a festa da torcida do Santa Cruz após a assinatura da proposta vinculante?
Foi muito emocionante. Fiquei efetivamente muito emocionado. Achei que não era não ia ser tanto, a torcida estava muito sofrida, né? Estava aguardando isso há muito tempo já. Fiquei bastante emocionado e só tenho recebido carinho da torcida. A gente sabe que agora é aquela fase de ‘lua de mel’. Eu reconheço isso, mas isso dá uma energia muito grande para a gente trabalhar mais e ficar mais disposto a ajudar o Santa Cruz.
Como prentedem lidar com as expectativas que serão criadas em torno da SAF do Santa Cruz?
A grande palavra para essa SAF é transparência. Quando você tem transparência consegue alinhar a expectativa com o torcedor. O torcedor vai sempre saber o que está acontecendo, as etapas que nós estamos, o que pretendemos fazer e como fazer. E a gente pretende realmente ouvir a torcida para tomar as decisões de acordo com a expectativa de todos.
Em qual fase está o planejamento para reformar o Arruda?
Como não tenho a caneta na mão, eu só estou na fase dos estudos. Já estamos conversando com algumas pessoas para ver o que a gente consegue melhorar de imediato no Arruda. Para, assim que a gente tiver a caneta na mão, entrar lá. Temos que fazer como se fosse um reconhecimento de campo – saber as questões emergenciais do Arruda, e começar a agir quando estivermos com a caneta na mão.
Quais são os desafios imediatos para melhorar a situação do Santa Cruz?
Os desafios são óbvios. Levar para a Série C, depois Série B e Série A. Não posso cravar que vai ser uma série por ano, são objetivos a serem cumpridos. Mas realmente temos a expectativa de subir uma divisão por ano para voltar com o Santa Cruz para a elite do futebol nacional.
O Nordeste vive um ótimo momento no futebol nacional, com cinco nordestinos na Série A em 2025. Times com projetos de sucesso, como Fortaleza e Bahia, servem como inspiração?
Estamos estudando muito as melhores práticas, e o que deu certo. Futebol é uma coisa bastante passional, as pessoas usam muito o coração ao invés da razão. Então buscamos uma mistura muito equilibrada disso para conseguir transformar numa SAF eficiente. Sem desperdício de dinheiro, sabendo contratar de maneira eficiente e colocar dinheiro na hora certa. Me inspiro muito no Fortaleza e no Bahia. Clubes do Nordeste que têm essa diretoria séria.
Qual a sua relação atual com o conselho do Atlético?
Saí do Conselho em 2019. depois daquela situação que me posicionei contra o orçamento. Eles me tiraram do Conselho porque já era meu último ano. Na votação seguinte eu já não estava mais na lista de conselheiros. Confesso que não fez muita diferença para mim, porque senti que o trabalho já tinha sido cumprido. Mas continuo tendo uma relação ótima com a torcida, né? A torcida sempre me escuta, sempre que twittava alguma coisa me escutavam, mas agora o meu foco total é no Santa Cruz.
Como é a relação com a atual gestão da SAF do Atlético?
Tenho uma relação cordial com todos. Não somos próximos, mas gosto deles, acho que são empresários muito bons. Acho que eles estão falhando, pecando na comunicação com a torcida. Você tem que ter uma proximidade com a torcida, e eles estão falhando nessa parte. Mas, fora isso, entendo perfeitamente o que eles querem fazer. Acho que são pessoas do bem e querem o bem do Atlético. A única coisa que eu posso falar é que, na minha opinião, eles estão falhando na questão da comunicação. Agora com a volta do Domênico Bhering acho que isso vai melhorar muito. Ele tem muita experiência e conhece a torcida, trabalhou mais de 20 anos no Atlético. Isso aí foi um ‘tiro na mosca’ que eles deram.
A notícia Ex-conselheiro do Atlético projeta investir R$ 1 bi em SAF no Nordeste; leia entrevista foi publicada primeiro no No Ataque por Andrei Megre
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