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Família pede estátua de Ziraldo ao lado de Carlos Drummond de Andrade, um de seus melhores amigos

Família pede estátua de Ziraldo ao lado de Carlos Drummond de Andrade, um de seus melhores amigos

Cartunista e desenhista morreu aos 91 anos, na tarde deste sábado (6), em casa, de causas naturais. Os dois artistas eram mineiros e o desenhista chegou a ilustrar obras do poeta. Antônio, Fabrizia e Daniela, filhos de Ziraldo
Suelen Bastos/ g1
A família de Ziraldo, que morreu no sábado (6), sonha com uma homenagem que una dois mineiros gigantes da cultura brasileira: Ziraldo e Carlos Drummond de Andrade. Durante o velório do escritor e desenhista, a filha Fabrizia Pinto destacou a amizade dos dois.
“Há muitos anos, eu sonho que meu pai tenha uma estátua no Rio de Janeiro como a do Drummond. Eu gostaria muito que ele ficasse sentadinho do lado dele. Porque eles se amavam. Eram muito amigos, foram muito amigos”, disse Fabrizia.
A estátua de Carlos Drummond de Andrade, na Avenida Atlântica, na orla da Praia de Copacabana, é um dos pontos mais procurados para fotos por turistas na capital fluminense, que celebram a obra do poeta. Ele e Ziraldo eram muito amigos.
O desenhista, que morreu no sábado (6), ilustrou obras de Drummond.
Estátua de Carlos Drummond de Andrade na orla de Copacabana
Divulgação/Seconserva
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, definiu Ziraldo como “um mineiro que mudou o Rio” e disse que ele terá todas as homenagens possíveis.
“Ziraldo é um mineiro que marcou a história do Rio de Janeiro e construiu um legado, de educador, de homem da cultura e de pessoa interessante que era. Uma vida bem vivida”, afirmou o prefeito.
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, também confirmou que homenagens estão sendo preparadas.
A família também planeja um centro cultural que reúna o trabalho de tantos anos retratando o país.
“Ele foi um homem que criou por mais de 70 anos pelo Brasil. A gente tem na nossa casa, que era o estúdio dele, mais de mil desenhos do Ziraldo. E queremos que as pessoas vejam isso. Temos um instituto do Ziraldo, para cuidar da obra dele, mas queremos fazer um centro cultural, onde as pessoas possam passear e ver o trabalho dele”, disse Antônio Pinto, filho do artista.
O escritor e cartunista Ziraldo
MÁRCIA ZOET/ESTADÃO CONTEÚDO
Ele conta que a influência de Ziraldo foi tão importante que quase todos da família se tornaram artistas.
“Eu tive muita sorte, pois a minha infância era cercada por ele. O estúdio dele era em casa. Eu digo que tive acesso a internet antes dela existir. Passavam por lá artistas do mundo inteiro, caricaturistas, escritores e músicos. Eu tive um privilégio maravilhoso”, destacou.
Corpo de Ziraldo é velado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Suelen Bastos/ g1
Durante o velório, outra filha artista, a cineasta Daniela Thomas, ressaltou que a obra do pai atravessou gerações.
“Meu pai é uma pessoa cuja obra tem uma grande conexão com as pessoas. Naquelas filas enormes das bienais vinham o avô, o filho e o neto e, às vezes, o bisneto. Todos com um livro esmagado, lido, usado. E isso é lindo”, destacou Daniela.
Ziraldo morreu aos 91 anos em casa, dormindo, de causas naturais. Amigos como o jornalista e escritor Zuenir Ventura fizeram questão de ir até o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para prestar as últimas homenagens ao artista.
Fabrizia Pinto destacou a importância do desenhista na luta contra a ditadura militar.
“Ele é uma das pessoas que salvou o Brasil da ditadura. Ele ficou no Brasil para lutar com a pena. Com papel, com ideias pequenas e pérolas. Uma pessoa como essa não vai embora”, disse a sobrinha.
Velório do escritor e desenhista Ziraldo no Museu de Arte Moderna
Milton Oliveira/ GloboNews
Criador de personagens como “O Menino Maluquinho” e a “Turma do Pererê”, Ziraldo também foi um dos fundadores do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil.
FOTOS: veja imagens de Ziraldo
VÍDEOS: Relembre momentos da carreira de Ziraldo
Veja a repercussão da morte de Ziraldo
Pai de personagens inesquecíveis, Ziraldo publicou 1º desenho aos 6 anos
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo). Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
Veja a seguir fotos da carreira de Ziraldo:
FOTOS: veja imagens de Ziraldo
Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez…”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.
Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.
Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
Nelson Motta dedica a coluna a Ziraldo, autor de “O Menino Maluquinho”
No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil”. Ele se tornou autor de histórias em quadrinhos e publicou a primeira revista brasileira do gênero com um só autor, sobre a “Turma do Pererê”.
‘O Menino Maluquinho’: filme da obra de Ziraldo está no Globoplay
Os personagens eram um pequeno índio e vários animais que formam o universo folclórico brasileiro, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja.
A revista deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar. Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”.
Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia.
Ziraldo
Divulgação
Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela.
Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.
Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.
O mural gigante Última Ceia, pintado em 1967 por Ziraldo, que estava encoberto na antiga casa de show Canecão, será restaurado pela UFRJ e aberto à visitação pública a partir de abril
Fernando Frazão/Agência Brasil

Confira a matéria completa em: g1.globo.com

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