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Federações partidárias entram em ano eleitoral sem consenso

Federações partidárias entram em ano eleitoral sem consenso

Faltando menos de um ano para as eleições, a escolha dos nomes que representarão as federações partidárias ainda são incógnitas. Em Belo Horizonte, duas das três federações registradas têm nomes apresentados pelos partidos, e ainda não há consenso sobre qual caminho seguir. A legislação determina que todos os partidos da federação têm que ter o mesmo candidato.

A federação PSOL-Rede, por exemplo, passa por esse dilema. O porta-voz da Rede em Minas, Paulo Lamac, ex-deputado e ex-vice-prefeito de Belo Horizonte, diz que o imbróglio é temporário e não cria problemas para a aliança dos partidos. Para ele, as divergências fazem parte do processo de construção do consenso. Além de Lamac, que já colocou seu nome à disposição pela Rede, o PSOL fez o lançamento oficial da pré-candidatura da deputada estadual Bella Gonçalves para representar a federação na disputa pela cadeira de prefeito na capital.

“Os partidos têm que apresentar suas postulações. Isso é legítimo. Antes de convergir, é preciso ter essa diversidade. Isso dá mais opção para que os partidos avaliem e escolham o melhor nome para o projeto de cidade que querem construir”, diz Lamac.

Ele lembra que os dois partidos terão até o mês de julho para fechar um nome e que, mesmo com o lançamento da pré-candidatura de Bella, o momento ainda é de diálogo.

A presidente do PSOL em Belo Horizonte, Jozeli Rosa, concorda que a conversa ainda vai longe. “Estamos construindo uma sintonia desde a eleição passada, que, embora guarde suas diferenças, deve se ampliar para o desafio eleitoral deste ano. Acreditamos que, por meio do diálogo entre Rede e PSOL, a federação pode permitir um posicionamento positivo para ambos”, destaca.

Jozeli, no entanto, diz que uma questão já estaria fechada na federação: “Por ora, o que a direção sinaliza é um consenso acerca da nossa candidatura majoritária. Também estivemos com Heloísa Helena, porta-voz nacional da Rede, que defende tal postura”, diz.

Paulo Lamac, no entanto, avalia que tudo está indefinido. O ex-prefeito tem participado de reuniões com o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), que busca construir apoios para uma tentativa de reeleição neste ano.

Lamac não descarta uma aliança com Fuad. “Não é nosso primeiro plano, mas não é impossível e, no segundo turno, com certeza devemos caminhar todos juntos. O desafio posto em BH é o enfrentamento à frente de direita e centro-direita”, destaca.

O porta-voz da Rede em Minas lembrou que Fuad e o PSD apoiaram a eleição de Lula (PT). Ele avalia que a proximidade do prefeito com o chefe de Casa Civil do governo Romeu Zema, Marcelo Aro (PP), que apoiou Jair Bolsonaro, é apenas uma circunstância de “governabilidade” na Câmara e não terá efeito nas alianças eleitorais que o prefeito fará.

Outra federação que ainda não definiu os caminhos a seguir é a que une PSDB e Cidadania. Os tucanos têm apresentado o nome do ex-deputado estadual João Leite. Mas o Cidadania ainda não aderiu à candidatura. Em 2022, os dois partidos tiveram divergências públicas sobre apoiar ou não a reeleição de Romeu Zema.

Desta vez, as lideranças dos partidos têm sido mais precavidas ao tratar do assunto. “Quanto à definição sobre as eleições de Belo Horizonte, temos o privilégio de ter dois nomes de muito peso e inquestionável qualificação: um deles é o do presidente do Cidadania, deputado João Vítor Xavier, e o outro é do ex-deputado João Leite, do PSDB”, destaca o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB em Minas.

“Estamos atentos aos acontecimentos e no momento adequado vamos decidir o que é melhor para a federação e para o projeto dos candidatos ao Legislativo municipal, e também o que é melhor para 2026”, diz.

O presidente do Cidadania em Minas, João Vítor Xavier, afirmou que o diálogo com o PSDB tem fluído bem e, apesar de não acreditar no modelo de federação, espera que, nas eleições deste ano, o diálogo entre os dois partidos flua melhor.

“O Paulo Abi-Ackel tem mantido uma relação muito boa, muito respeitosa. Já combinamos como será a formação de chapas em Belo Horizonte, estamos conversando sobre o nome que vai compor com o João Leite, e nós dois temos o entendimento de que o apoio ou o lançamento de candidaturas será feito com diálogo também”, afirma.

Sistema ainda não empolga dirigentes e tem futuro incerto

Prestes a chegar ao segundo pleito, as federações partidárias seguem com incertezas para o futuro. Criadas como alternativa para partidos menores enfrentarem a cláusula de barreira e terem acesso ao Fundo Partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão, elas ainda não empolgam os dirigentes.

“Não vejo com entusiasmo (daqui) para frente. Não consigo ver ninguém muito feliz com isso, dizendo que a federação foi uma coisa muito boa, por isso queremos mais”, avalia João Vítor Xavier, presidente do Cidadania em Minas Gerais.

“Foi uma invenção da política brasileira. Você tem, de um lado, a necessidade de manter o espaço democrático aberto à manifestação e representação dos mais diversos tipos de pensamento, e, do outro lado, a necessidade de diminuir essa confusão partidária que existe no Brasil; por isso inventaram essa ‘jabuticaba’”, afirma.

O presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, aposta em um diálogo mais tranquilo. “O instituto da federação é muito novo, e foi natural que ocorressem divergências pontuais. Hoje, creio que estamos bastante entrosados, e a relação é muito saudável, virtuosa, o que nos dá otimismo em relação ao futuro e à sua manutenção”, diz.

O porta-voz da Rede em Minas, Paulo Lamac, evita fazer apostas para o futuro do modelo de alianças, mas avalia que a eleição municipal será o teste de fogo para as federações.

“Foi uma experiência positiva, mas agora é que terá o grande teste, porque as pessoas vivem é nas cidades, onde têm suas demandas e interesses. É na composição política dos municípios que essa negociação de demandas será testada, um grande exercício de diálogo”, diz.

Silveira não vê “problemas intransponíveis”

No caso da federação liderada pelos petistas, após uma guinada do PV para a esquerda e um maior alinhamento do partido com a estratégia eleitoral do presidente Lula, a situação está apaziguada, avalia o presidente do PT em Minas, deputado estadual Cristiano Silveira.

“A federação é algo novo, não existia. Hoje, temos que ficar quatro anos juntos na federação. O desafio é fazer o processo de conciliação em que eventualmente os partidos tenham sido oposições e feito disputas, mas em Minas Gerais não foram identificados problemas intransponíveis”, argumenta.

Na federação PT, PV e PCdoB, para evitar problemas, será dada a preferência nos municípios para os nomes das siglas que tenham um candidato eleito. “O problema pode ocorrer quando um prefeito tem alinhamento com o bolsonarismo, não participou da campanha do presidente Lula; nesses casos é preciso adequação”, diz.

Confira a matéria completa em: zug.net.br

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