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Filhos separados de mães com hanseníase reivindicam reparação

Filhos separados de mães com hanseníase reivindicam reparação

Rita de Cássia Barbosa tinha apenas 20 anos quando sua filha Giovana nasceu. Após um parto difícil, recebeu uma notícia assustadora: não poderia ver a filha, muito menos pegá-la no colo ou amamentá-la. Um pequeno consolo veio de uma enfermeira:

Quando o médico saiu, ela chegou com a Giovana bem pertinho de mim. Ah, quando eu consegui vê-la, meu Deus do céu. Eu chorei muito, muito, muito…

Lamentavelmente, poucos meses antes de dar à luz, Rita foi diagnosticada com hanseníase e internada no Hospital Curupaiti, no Rio de Janeiro, uma das maiores colônias de hanseníase do Brasil, sem previsão de alta. Em 1974, quando Giovana nasceu, a prática mandava que os bebês nascidos àquela época fossem imediatamente separados das mães para evitar a contaminação, e assim, Giovana foi enviada a um educandário.

O governo foi covarde com todos nós daquela época… Eu não precisava, e outras mães não precisavam, ficar separadas dos filhos

Depois de seis anos, Rita conseguiu reencontrar sua filha, usando peruca e roupas diferentes para se passar por sua irmã e conseguir entrar no educandário. O reencontro definitivo ocorreu oito anos depois, quando a colônia permitiu que as crianças entrassem para viver com suas mães.

Condições da hanseníase e sua estigmatização

A hanseníase, antes conhecida como lepra, é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e provoca manchas e perda de sensibilidade na pele. Apesar de ter cura e ser tratável pelo Sistema Único de Saúde, a política de tratamento envolveu o isolamento de pacientes em hospitais-colônias, como o Curupaiti, sem previsão de saída. Quase 12 mil pessoas solicitaram pensão vitalícia após 2007, e estima-se que 20 mil filhos foram separados de suas mães.

Histórias de abuso e trauma

Giovana, que já enviou seus documentos para solicitar reparação, prefere não falar sobre os dez anos que passou no educandário. Marly Silva compartilhou as suas lembranças dolorosas:

Eu cuidava de 60 crianças e se não desse conta do serviço, apanhava.

Roberto dos Santos de Jesus também viveu experiências similares, com medo constante de ser separado de sua mãe novamente.

Reparação e esperança

Mãe Rita e Marly agora atuam como líderes na comunidade, ajudando outras mães e filhos na coleta de documentação para a solicitação de pensões. O Movimento de Reintegração dos Atingidos pela Hanseníase (Morhan) tem promovido reuniões, e espera que mais de 5 mil processos sejam aceitos em breve, com o objetivo de promover justiça e sanar os danos de políticas históricas de segregação e eugenia.

Confira a matéria completa em: maisvip.com.br

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