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Futebol brasileiro sofre com inflao do mercado: ‘Bolha vai estourar’

Canobbio, do Athletico-PR para o Fluminense, e Paulinho, do Atltico para o Palmeiras, foram duas das principais transferncias desta janela (foto: ALBARI ROSA/AFP e Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Rodrigo Almonacid – “Estamos assustados, mas temos que montar um time”, afirma o presidente do Fluminense. Assim como outros dirigentes e treinadores do futebol brasileiro, Mrio Bittencourt enfrenta diariamente preos “assustadores” para contratar reforos.

Os jogadores pedem salrios exorbitantes e seus passes custam muito mais do que h algumas temporadas, disse na sexta-feira o tcnico do time tricolor em entrevista coletiva. 

“Desde que eu cheguei aqui, na presidncia [em junho de 2019], jogador que tinha salrio de 400 ou 450 mil reais, hoje custa R$ 900 mil. Dobrou”, afirma Bittencourt.

“Ns temos volantes e zagueiros ganhando milho, mais de um milho de reais, imagina quanto no querem os atacantes”, diz o dirigente. “Os nmeros esto assustadores. No est fcil”. 

Apesar das dificuldades e de ter feito uma m campanha em 2024, o que significou rendimentos inferiores, o Fluminense contratou o jogador da seleo uruguaia Agustn Canobbio por seis milhes de euros (cerca de R$ 37,7 milhes pela cotao atual) numa das contrataes mais caras da sua histria. 

Em um exemplo de distoro de valores, problema que tambm afeta o futebol europeu, dias antes o Palmeiras havia recebido a proposta para que pagasse 18 milhes de euros (aproximadamente R$ 113 milhes) pela transferncia do atacante uruguaio de 26 anos, que jogava no rebaixado Athletico-PR. 

“O Palmeiras vende a um preo alto e ter que comprar a um preo mais alto”, justificou h uma semana o treinador do Verdo, o portugus Abel Ferreira, ao revelar o valor do negcio que no foi levado adiante.

A ‘bolha vai estourar’

A diretoria do Fluminense no a nica voz a alertar sobre a inflao do mercado de transferncias neste incio de temporada na liga mais poderosa da Amrica do Sul.  

A subida dos preos, segundo especialistas, se deve entrada de novos capitais em algumas equipes (sob a frmula das Sociedades Annimas de Futebol, as SAFs), a administraes irresponsveis e ao patrocnio de casas de apostas, superiores aos de outros patrocinadores.  

“A entrada dos investimentos de SAF tambm inflacionou, porque um dinheiro de fora e isso no representou um crescimento da receita dos clubes, e sim um aporte”, disse Marcelo Paz, diretor executivo do Fortaleza, ao portal UOL. 

“Essa bolha vai estourar em algum momento e sobre isso no existe a menor dvida. Os clubes que querem se manter organizados vo ter dificuldade de competitividade, porque vo concorrer com quem inflacionou e que vai ter performance esportiva de curto prazo melhor”, acrescentou. 

Os vinte clubes do Brasileiro gastaram US$ 330 milhes ao cmbio atual (cerca de R$ 2 bilhes) em reforos em 2024, valor recorde e inatingvel para seus pares sul-americanos, segundo uma medio do portal Globo Esporte. 

O Botafogo, uma SAF do polmico magnata americano John Textor, investiu 70 milhes (R$ 423 milhes) em jogadores, incluindo estrelas em ascenso como Luiz Henrique e o argentino Thiago Almada. Com eles, o alvinegro carioca conquistou o Brasileiro e sua primeira Copa Libertadores.

Na luta para se manter na primeira diviso, o Corinthians destinou quase 30 milhes (R$ 181 milhes) a contrataes, apesar de ser o time mais endividado do pas, com um passivo estimado em 428 milhes de dlares (R$ 2,58 bilhes). 

“Todo dia sai uma notcia que tem conta bloqueada, que tem problema com patrocinador, e est contratando jogador de seleo” com salrios milionrios, como o holands Memphis Depay, questionou Cristiano Dresch, presidente do rebaixado Cuiab, em outubro. “Isso ridculo, tem que parar”.

‘Fair play’ financeiro?

Como medida de choque contra valores elevados e para evitar potenciais crises econmicas das instituies, vrios dirigentes solicitaram a implementao de um ‘fair play’ financeiro. “ a nica soluo que temos no mdio prazo”, afirmou o presidente do Fluminense.

Mas a ideia que limita as despesas de acordo com as receitas no satisfaz a todos.“Os clubes de cima podero gastar muito dinheiro, mas os de baixo no”, disse o dono da SAF do Botafogo ao Globo Esporte em julho.

“Se quisermos paridade, precisamos de um teto salarial”, como o da NBA, acrescentou Textor. A ideia, por enquanto, tem pouco eco. 

Os preos elevados obrigaram alguns clubes a procurar jogadores mais baratos em torneios vizinhos e a fortalecer as suas categorias de base.J outros aproveitaram a inflao para lucrar com as suas joias.

O Palmeiras vendeu recentemente o zagueiro Vitor Reis, de 19 anos, ao Manchester City por 35 milhes de euros (cerca de R$ 220 milhes pela cotao atual), de acordo com a imprensa inglesa.Semanas antes, o time paulista havia pago um valor semelhante pelos atacantes Paulinho, do Atltico, e o uruguaio Facundo Torres, que estava no Orlando City, dos Estados Unidos.

Confira a matéria completa em: noataque.com.br

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