Aos 54 anos, Luciane da Rosa Bairros não conseguiu conter a emoção ao assinar o contrato e receber as chaves da casa nova. Essa história reflete a realidade de milhares de vítimas das enchentes de maio de 2024, no Rio Grande do Sul. Ex-moradora do bairro Moinhos, em Estrela, no Vale do Taquari, Luciane viu sua casa sucumbir à força das águas.
“Tivemos que sair de casa com a roupa do corpo. Lá não sobrou nada, o bairro foi praticamente varrido do mapa e nós perdemos tudo. Não tem um dia que eu não penso no meu bairro, nos meus amigos, nos meus vizinhos”, contou à Agência Brasil, sob lágrimas.
A reportagem conversou com Luciane em uma agência da Caixa Econômica Federal, em Lajeado, na última semana. Mas, dessa vez, suas lágrimas eram de alegria. Após quase 12 meses entre abrigos e casas alugadas, ela pode finalmente retomar a rotina em uma moradia própria, viabilizada pelo programa de Compra Assistida, criado pelo governo federal para atender às vítimas da tragédia que atingiu a população gaúcha.
“Ganhei minha casa e, se Deus quiser, vai ser um centro de bênçãos para mim. E não vou mais precisar passar por isso, né?”, disse Luciane, que espera proporcionar mais dignidade ao filho e aos dois netos, que vivem com ela. A nova casa fica em um bairro próximo ao anterior, mas fora da área de risco.
Ritmo de Entregas
O secretário de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul, Maneco Hassen, explicou: “Essa modalidade do Compra Assistida foi criada especificamente para a tragédia aqui do Rio Grande do Sul e permite que as famílias escolham seu imóvel em qualquer cidade do estado, desde que preencha os requisitos, no valor de até R$ 200 mil”.
Até o momento, foram assinados pouco mais de 1,5 mil contratos do Compra Assistida em todo o estado. Essa estratégia complementa a construção de novas moradias pelo Minha Casa, Minha Vida, que já autorizou 7,5 mil unidades em diferentes estágios de construção. O secretário estima que a necessidade total é de 22 mil imóveis para atender a demanda.
Retomada
O casal Marlize Inês Machado e Celso Antônio Machado, que também foram moradores de Estrela, compartilharam suas experiências. Eles assistiram a correnteza do Rio Taquari destruir completamente seus terrenos, que incluíam duas casas e um mercadinho. “A gente segue em frente, a luta continua, mas é importante recuperar uma parte do que perdemos”, afirmou Celso.
“Se eu tivesse ficado lá também não estaria aqui hoje. Eu agradeço muito o governo e todo mundo que nos ajudou”, acrescentou.
Da zona rural de Progresso, o agricultor Sinírio Schneiger, de 70 anos, recebeu recursos para reformar sua casa. Após anos enfrentando intempéries, como chuvas e secas extremas, Sinírio comentou: “Passamos a vida inteira na roça e, por causa das dificuldades, não pudemos fazer reformas…”.
“A gente sabe que toda família que tem um lar volta a ter dignidade, esperança, uma energia para olhar pra frente e refazer a vida”, afirmou Caio Santana, da Cooperativa de Habitação Camponesa.
Cerca de 600 famílias serão contempladas com reformas ou novas construções por meio deste programa.
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