Governo brasileiro se desculpa por negligência em caso das ossadas de Perus

O Governo brasileiro anunciará um pedido de desculpas formal à sociedade e às famílias dos desaparecidos políticos da ditadura militar que se instaurou em 1964, em relação à negligência observada entre 1990 e 2014 na identificação das ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, situada no Cemitério Dom Bosco, na capital paulista.

Na vala de Perus, foram enterrados, ao lado de pessoas desconhecidas, opositores ao regime militar. As ossadas foram descobertas em 1990, totalizando 1.049 restos mortais. Um monumento em memória das vítimas da repressão foi inaugurado no local.

“Conhecer a verdade é o que nos permite avançar como sociedade rumo a um país verdadeiramente democrático”, afirmou Jorge Messiasele, advogado-geral da União. “Espero que o pedido de desculpas possa, de alguma forma, trazer um pouco de paz para os familiares dessas vítimas da violência de Estado”, acrescentou.

Segundo informações do Instituto Vladimir Herzog, opositores da ditadura, que foram assassinados pelo regime, foram sepultados como indigentes naquele local, mesmo possuindo identificação. Até o momento, apenas cinco ossadas foram identificadas: Dênis Casemiro em 1991; Frederico Eduardo Mayr em 1992; Flávio Carvalho Molina em 2005; Dimas Antônio Casemiro e Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, ambos identificados em 2018.

A cerimônia de desculpas será pública e ocorrerá no Cemitério Dom Bosco na próxima segunda-feira (24), em homenagem ao Dia da Memória, da Verdade e da Justiça. O pedido será oficializado pela ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo.

Esse ato é fruto de um acordo judicial entre a União, através da Advocacia-Geral da União (AGU), e o Ministério Público Federal (MPF), que foi homologado em 3 de dezembro de 2024.