A Polícia Civil de Minas (PCMG) confirmou que o motorista da carreta bitrem, de 49 anos, envolvido em um grave acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, estava sob efeito de cocaína, ecstasy e álcool no momento do acidente. A informação foi divulgada pela perícia da instituição durante coletiva nesta quarta-feira (22 de janeiro).
“Os exames toxicológicos são feitos a partir da doutrina da literatura técnico-científica. Então, há curvas de eliminação para cada substância pelo corpo humano. Isso significa haver uma janela de eliminação. Para algumas substâncias encontradas, essa janela vai muito para trás do momento dos fatos — chegando até a 10 dias antes do momento do evento. Isso permite à polícia dizer, com segurança técnica, com segurança científica, que, no momento do evento, a pessoa usou determinadas substâncias a partir da dosagem delas na urina”, explicou.
O superintendente afirma ainda que o resultado obtido pela Polícia Civil passou por uma espécie de “contraprova” na Universidade de Campinas, que confirmou a primeira análise. “Os peritos da PC foram a Unicamp e lá confirmaram a presença de substâncias lícitas e ilícitas na urina, lá elas foram quantificadas e permitiram afirmar que no momento ele estava sob uso dessas substâncias”, pontua.
Deslocamento de pedra causou acidente
O veículo conduzido pelo suspeito transportava um bloco de granito que se desprendeu e colidiu contra um ônibus, causando a morte de 39 pessoas, em dezembro de 2024. Para o chefe da PC em Teófilo Otoni, delegado Amaury Tomaz de Albuquerque, que conduz as investigações, não há dúvidas que o acidente foi provocado pelo movimento da carga da carreta bitrem.
“Descartamos algumas versões, como o estouro do pneu. Podemos afirmar que foi o deslocamento dessa pedra, atingindo esse ônibus como um tanque de guerra, que atingiu esse ônibus ocasionando a perda de 39 vítimas. No local vimos ranhuras no asfalto e o posicionamento da pedra que nos levou a essa linha de investigação”, afirmou.
O suspeito está preso no Espírito Santo desde essa terça-feira (21 de janeiro) após cumprimento de mandado de prisão preventiva.
Conclusão do inquérito depende de laudos periciais
O delegado Amaury Albuquerque afirma que o inquérito que pode indiciar o suspeito está em fase final e deve ser finalizado tão logo os laudos da perícia sejam concluídos. “Aguardamos as perícias técnicas, ainda teremos algumas diligências, mas acredito que estamos caminhando para a fase final”, garantiu.
O empresário foi alvo do mandado após as investigações apontarem que ele manteve contato e deu orientações para o caminhoneiro. A PCMG, entretanto, preferiu não dar detalhes sobre as apreensões efetuadas durante a ação.
O outro lado
A defesa do caminhoneiro envolvido no acidente na BR-116 que causou a morte de 39 pessoas afirmou que os exames toxicológicos não comprovam que ele estivesse sob efeito de substâncias psicoativas no momento da batida, já que as análises foram feitas dois dias depois. Além disso, garantiu que irá recorrer da prisão preventiva, para garantir o direito do motorista de responder ao processo em liberdade.
Um grave acidente envolvendo um ônibus de viagem interestadual, uma carreta e um carro mobilizou as forças de segurança no dia 21 de dezembro, na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais. O coletivo, que levava 45 passageiros, e pegou fogo após a batida. A tragédia causou a interdição da rodovia federal. Ao todo, 39 pessoas morreram e outras nove ficaram feridas.
O coletivo seguia de São Paulo com destino à Bahia. Entre as vítimas, há moradores dos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Paraíba. Outras seis pessoas que estavam no ônibus sobreviveram. Três pessoas que viajavam no carro tiveram ferimentos leves. O motorista da carreta fugiu sem prestar socorro.
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