BRASÍLIA – A Meta foi a empresa mais agraciada com verbas de publicidade online nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dados da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República mostram que, em 2023 e 2024, R$ 36,3 milhões foram destinados à empresa, dona do Facebook e Instagram, liderada por Mark Zuckerberg.
A maior parte desse dinheiro se concentrou no primeiro ano da atual gestão, com R$ 25,6 milhões pagos à Meta. Entre os temas mais recorrentes das peças, estiveram campanhas de vacinação contra Covid-19, tuberculose, malária e outras doenças, com parte dos anúncios voltados para os Estados, sobretudo na região Norte do país.
O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas do atual governo, também foi tema frequente, especialmente nos últimos meses de 2023. Outros assuntos abordados foram o novo Bolsa Família, lançado no início do mandato; o enfrentamento a queimadas no Pantanal e na Amazônia; o programa Desenrola Brasil; e o Plano Safra.
No ano passado, o valor foi menor, somando R$ 10,7 milhões. Entre as campanhas do Ministério da Saúde, ganharam destaque ações sobre vacinação contra poliomielite e influenza e programas de amamentação. Outro destaque foi o programa Pé-de-Meia, a principal aposta de Lula na área de educação.
O desastre provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a prevenção a incêndios, o Salão do Turismo e o Feirão do Turismo também foram abordados. Os valores de 2024 ainda podem ser atualizados, já que algumas campanhas podem levar semanas até aparecerem nos registros de verbas desembolsadas pela Secom.
As verbas direcionadas à Meta na primeira metade do governo federal representam quase um quinto dos cerca de R$ 180 milhões gastos pela comunicação do Palácio do Planalto em publicidade digital no período. O valor não inclui campanhas das estatais e dos bancos públicos.
Além da Meta, outras big techs como Google, TikTok, X (antigo Twitter) e Kwai também receberam recursos das propagandas da Secom. A lista inclui ainda plataformas como LinkedIn, Spotify, Twitch e até o Tinder, além de sites de grandes portais de notícias e veículos mais alinhados ideologicamente com o governo.
Relação delicada com a Meta
Desde janeiro de 2025, a relação entre o governo brasileiro e a Meta tem enfrentado tensão após o anúncio de mudanças na política de checagem de fatos da empresa. Mark Zuckerberg informou que deixará de usar o sistema de checagem vigente desde 2016 no Facebook e no Instagram, substituindo-o pelo modelo de “notas da comunidade”, inspirado na abordagem adotada pela rede social X, de Elon Musk.
A decisão provocou reações do governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), que interpelou a Meta e pediu esclarecimentos sobre quais providências seriam tomadas para proteger grupos considerados vulneráveis. Depois, a empresa ressaltou que só faria a mudança de modelo nos Estados Unidos e disse que manteria o compromisso com a transparência, os direitos humanos e a liberdade de expressão.
Apesar das críticas à decisão da Meta, a Secom ainda não indicou se deverá reduzir de forma drástica a publicidade nas redes sociais de Zuckerberg. No entanto, isso aconteceu com o X após a compra da companhia pelo bilionário Elon Musk – passou de R$ 5 milhões para R$ 325 mil de 2023 para 2024.
Um ponto a ser considerado é que as plataformas da Meta têm uma quantidade de usuários bem maior no país do que o X. No ano passado, eram mais de 134 milhões de perfis brasileiros no Instagram e 112 milhões no Facebook, contra 21 milhões no X. Portanto, mesmo após as decisões que desagradaram ao Planalto, anunciar em duas das principais mídias digitais segue sendo estratégico para um governo que encontra problemas para alavancar sua popularidade.
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