O governo de Israel ordenou, nesta quinta-feira (6/2), que o Exército prepare um plano para a saída voluntária dos moradores da Faixa de Gaza, projeto alinhado com a ideia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar a população do território palestino.
O presidente republicano também sugeriu na terça-feira que os Estados Unidos assumam o controle do território e o transformem em um destino turístico de luxo, mas não revelou detalhes nem prazos para as propostas, que provocaram indignação internacional e advertências contra uma “limpeza étnica”.
Apesar das críticas internacionais, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, celebrou “o plano audacioso de Trump e ordenou ao Exército para “preparar um plano para permitir que os habitantes de Gaza saiam voluntariamente”.
O objetivo é permitir “a saída de qualquer residente de Gaza que deseje, para qualquer país que os aceite”, afirmou em um comunicado. “O plano incluirá opções de saída através das passagens terrestres, assim como medidas especiais para saídas por mar e ar”, completou.
Atualmente, os habitantes de Gaza não podem deixar o território cercado por Israel e devastado pela guerra, que começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque do movimento islamista Hamas contra o território israelense.
Uma trégua está em vigor desde 19 de janeiro e permitiu a libertação de 18 pessoas sequestradas pelo Hamas em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.
O acordo também possibilitou um “aumento considerável” da ajuda humanitária para o território, onde entraram “mais de 10.000 caminhões nas duas semanas transcorridas desde o cessar-fogo”, disse Tom Fletcher, diretor do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Agora, Israel e Hamas, com a mediação do Catar, Egito e Estados Unidos, devem negociar os detalhes da segunda fase da trégua para acabar de maneira definitiva com a guerra e libertar os demais reféns que continuam vivos.
Críticas internacionais
Trump recebeu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira na Casa Branca. Após a reunião, ele reiterou a proposta de enviar os moradores de Gaza para Egito e Jordânia, ao mesmo tempo que apresentou a ideia de que os Estados Unidos deveriam assumir o controle do território palestino.
Após uma avalanche de críticas internacionais, o secretário de Estado, Marco Rubio, declarou na quarta-feira que qualquer transferência de moradores de Gaza seria temporária.
Trump ofereceu “muito generosamente a reconstrução de casas e negócios para que as pessoas possam voltar a viver” no território, afirmou o chefe da diplomacia americana.
Em uma entrevista para o canal conservador americano Fox News, Netanyahu descreveu o plano de Trump como uma ideia “notável”, que deveria ser “examinada, estimulada e realizada, porque acredito que abrirá um futuro diferente para todos”.
O governante israelense conta entre seus aliados com forças políticas que aspiram reinstaurar colônias judaicas em Gaza, de onde Israel se retirou unilateralmente em 2005 por decisão do então primeiro-ministro Ariel Sharon.
O Hamas, no poder na Faixa desde 2007, acusou Trump de “jogar lenha na fogueira” e criticou uma “posição racista (…) alinhada com a da extrema-direita israelense”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou “o direito dos palestinos a viver (…) em sua própria terra” e fez um alerta contra “qualquer forma de limpeza étnica”. Muitos habitantes de Gaza, quase todos deslocados durante o conflito, também descartam fazer as malas agora que a trégua permitiu o retorno para suas casas, ou para o que resta delas, após mais de 15 meses de conflito e bombardeios israelenses.
“Voltamos apesar da destruição em larga escala (…) porque rejeitamos categoricamente o deslocamento”, disse Ahmed al Minaoui, um morador da Cidade de Gaza.
Egito, Jordânia, Arábia Saudita, União Europeia e Irã também rejeitaram a proposta de Trump.
O ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas deixou 1.210 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da reportagem baseada em dados oficiais israelenses.
A campanha de represália israelense em Gaza causou pelo menos 47.518 mortes, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, que a ONU considera confiáveis.
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