RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O cantor MC Poze do Rodo foi solto nesta terça-feira (3) após a Justiça conceder um habeas corpus em seu favor. Ele havia sido preso na quinta (29), sob suspeita de apologia do tráfico e de envolvimento com o CV (Comando Vermelho).
Ao deixar o Complexo Penitenciário de Bangu, o artista foi recebido por aproximadamente 300 fãs e familiares. Poze saiu a pé, acompanhado de seus advogados, enquanto admiradores se concentraram desde a madrugada para aguardá-lo. Um carro de som foi colocado em frente ao presídio, permitindo que o público cantasse seus sucessos.
O rapper foi recebido por cerca de 300 fãs e familiares na saída do Complexo Penitenciário de Bangu© AgNews
Viviane Noronha, a esposa do cantor, também estava presente e foi alvo de uma operação da Polícia Civil que visava desarticular o núcleo financeiro do CV, que supostamente lavaria mais de R$ 250 milhões. Contudo, essa investigação não está relacionada à prisão de Poze.
Antes da saída de Poze, MC Oruam, filho de Marcinho VP, provocou tumulto ao subir em um ônibus. A polícia interveio com balas de borracha, porretes e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que tentava acessar os coletivos. Oruam foi protegido pela população após descer do ônibus.
O batalhão de choque foi acionado, e a libertação de Poze só ocorreu após a chegada da unidade responsável pelo controle de tumultos.
A defesa do funkeiro celebrou a decisão, alegando que Poze não tem vínculos com atividades criminosas. “A decisão reforça a presunção de inocência, uma base fundamental do direito”, declarou seu advogado, Fernando Henrique Cardoso Neves.
A defesa também argumentou que a prisão era desproporcional, ressaltando que o cantor sempre se mostrou disposto a colaborar com as investigações.
A decisão que concedeu a soltura impôs algumas medidas cautelares, incluindo a proibição de contato com outros investigados, restrições em frequentar certos locais e a obrigação de comparecer periodicamente à Justiça.
Em sua decisão, o desembargador Peterson Barroso Simão criticou os procedimentos da prisão. “Há indícios que comprometem o processo regular da polícia. O paciente foi algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática, o que deve ser apurado posteriormente”, escreveu.
O magistrado acrescentou que Poze já havia sido investigado em outro caso semelhante e absolvido em primeira e segunda instância.
“É preciso prender os chefes, aqueles que negociam drogas. O alvo da prisão não deve ser o mais fraco – o paciente, e sim os chefes de facção violenta que prejudicam a sociedade”, afirmou Simão.
Conforme a Polícia Civil, as investigações apontam que o artista se apresentava em comunidades dominadas pelo CV, contando com a segurança ostensiva de traficantes armados durante seus eventos.
Um dos vídeos anexados ao inquérito mostra Poze exaltando chefes da facção criminosa durante um baile funk na Cidade de Deus, onde um homem armado com um fuzil registrava a apresentação. Dois dias depois, o policial civil José Antônio Lourenço, da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), foi assassinado na mesma comunidade.
No decorrer da operação que culminou na prisão, a polícia apreendeu um veículo luxuoso do cantor, uma BMW X6 avaliada em cerca de R$ 1 milhão, que apresentava uma cor alterada em desacordo com a documentação, configurando uma infração administrativa.
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