SANTANA DO PARAÍSO – Mais da metade da população de Santana do Paraíso (Vale do Aço) convive com a falta de água diariamente e todos os residentes do Distrito de Ipabinha sofrem com a má qualidade do recurso que é retirado do Rio Doce e ainda apresenta rejeitos trazidos pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015.
As denúncias foram apresentadas por vereadores e moradores, em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), ocorrida no município na quinta-feira (16/5/25).
A cidade tem cerca de 50 mil habitantes e, de acordo com o vereador Alessandro Fábio, a região Central e os Bairros Cidade Nova e Parque Caravela são os mais afetados pelo desabastecimento e precisam recorrer diariamente a caminhões-pipa. Ele reclama que entra muito ar nas canalizações de água, levando os moradores a pagarem mais caro pelo serviço, sem consumirem a quantidade cobrada. “A maioria dos moradores hoje não pagam a água, eles pagam o ar”, denuncia.
O vereador Marcelo da Cláudia Laje (MDB) conta que a Copasa atua no município desde 2006 e o serviço oferecido pela concessionária sempre foi precário. Ele protesta também contra o serviço de esgoto, ainda ineficiente e, em muitos pontos, com dejetos correndo a céu aberto.
A demanda foi apoiada pelo presidente da comissão, deputado Adriano Alvarenga (PP), autor do requerimento para a audiência pública. “Não é aceitável esgoto a céu aberto em pleno século XXI”, observou.
O deputado afirmou que levará as denúncias sobre o serviço da concessionária para o presidente da Copasa, em reunião no próximo dia 21. “Quero mostrar para ele o quanto a Copasa está em falta com Santana do Paraíso e o tanto que tem que investir no município”.

O deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) lamentou a falta de compromisso da empresa com a cidade. Em sua opinião, a precariedade do abastecimento é resultado da falta de investimento da estatal. “Para poder melhorar o abastecimento de água, o tratamento de esgoto, o saneamento básico, a Copasa tem que investir, porque ela recebe de todos os cidadãos e cidadãs as taxas tanto de abastecimento de água quanto de esgoto”, afirmou.
Em distrito, moradores consomem água com barro e contaminada
Outra reclamação apresentada na audiência pública foi em relação à qualidade da água que abastece o Distrito de Ipabinha. A moradora Neuza Batista disse que o poço artesiano usado pela Copasa para o fornecimento fica a 50 metros de distância do Rio Doce, que foi contaminado pela lama trazida do rompimento da Barragem da Samarco/Vale, em 2015, em Mariana. Segundo ela, quando ocorrem enchentes, o poço fica completamente submerso e coberto pelo barro.
O vereador Rodrigo Índio (PP) levou para a reunião uma garrafa com a água barrenta que é usada pelos moradores. Segundo ele, a maioria compra água mineral para consumo humano e paga à Copasa para outros usos. No entanto, as pessoas mais pobres acabam filtrando e bebendo a água contaminada com ferro manganês.
“Desde quando aconteceu o rompimento em Mariana, a gente vem sofrendo com a qualidade da água consumida pelos moradores da comunidade”, lamentou. O distrito tem aproximadamente 3 mil pessoas, segundo o vereador.
Copasa contesta críticas e cita obras
Thiago Giselito, gerente regional da Copasa presente na audiência pública, minimizou as denúncias ao dizer que há 15 dias não há interrupção do fornecimento de água no município. Segundo ele, os problemas são pontuais e a empresa já está atuando para melhorar o abastecimento.
O dirigente falou que a concessionária está investindo em instalação de reservatórios e outros equipamentos para regularizar o abastecimento. Segundo ele, a empresa já investiu R$ 40 milhões para alcançar a universalização do esgotamento sanitário ainda este ano. Ele lembrou que há dois anos, apenas 2% da cidade contava com a coleta e tratamento de resíduos.
O gerente se comprometeu a visitar Ipabinha para verificar a qualidade da água fornecida e buscar soluções necessárias para o problema.
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