O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo do inquérito da Polícia Federal que investiga um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O relatório, contendo mais de 1,2 mil páginas, já foi enviado ao STF. A PF aponta que a Abin teria colaborado com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para fins políticos e eleitorais.
A investigação revelou a utilização de um software chamado FirstMile, que permitiu o rastreamento de localização de celulares em tempo real sem autorização judicial, monitorando ilegalmente diversas pessoas. Entre os alvos estavam:
- Ministros do STF: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli;
- Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados;
- João Doria, ex-governador de São Paulo;
- Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara;
- Jean Wyllys, ex-deputado federal;
- Servidores do Ibama, incluindo Hugo Loss, conhecido por combater o garimpo ilegal;
- Carlos Alberto Litti Dahmer, líder de caminhoneiros crítico ao governo;
- Funcionários do STF e jornalistas considerados críticos ao ex-presidente.
A PF também identificou picos de atividade do sistema de rastreamento durante as eleições municipais de 2020, o que indica um possível uso para influenciar o processo eleitoral. Outra estratégia descoberta foi o denominado “cercamento”, que consistia em delimitar áreas geográficas para monitorar a movimentação dos alvos, como nas proximidades do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Conforme a conclusão da Polícia Federal, a espionagem ocorreu por motivos políticos, almejando garantir uma vantagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de atacar opositores e críticos do governo. Com a finalização do inquérito, o caso será enviado à Procuradoria-Geral da República para decisão sobre eventuais denúncias.
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