CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Durante a cerimônia de abertura do Festival de Cannes, na última terça-feira, Robert De Niro recebeu a Palma de Ouro honorária e aproveitou a oportunidade para levantar uma bandeira a favor da democracia e criticar Donald Trump pelas novas tarifas aplicadas a filmes estrangeiros e os cortes no setor cultural dos EUA.
“Espero que minha fala tenha algum impacto. As pessoas precisam protestar para parar o que está acontecendo”, afirmou De Niro em uma entrevista, sentado de costas para o mar mediterrâneo, no Palácio dos Festivais. “Trump é um valentão. Não se pode deixar o valentão ganhar. Se na segunda-feira ele te força a dar os 25 centavos do lanche, depois ele volta para mais porque sabe que vai se dar bem.”
A descontentamento gerado pela taxação de 100% em filmes gravados fora dos Estados Unidos é uma preocupação crescente na indústria. Essa decisão de Trump ocorre logo após vários cortes de verbas federais para museus e bibliotecas. De Niro acredita que apenas a pressão popular pode levar Trump a reconsiderar suas ações.
“A arte é crucial para unir as pessoas. É uma forma de verdade que abraça a diversidade e, por isso, é uma ameaça para autocratas e fascistas”, expressou De Niro na noite anterior. “Não podemos apenas sentar e assistir, como em um filme. Precisamos reagir imediatamente.”
O ator ainda refletiu sobre como a maioria dos americanos não deseja um governo autoritário, ressaltando que muitos não compreendiam o que estava em jogo nas últimas eleições. “É importante inspirar as pessoas a lutarem. A América é isso: veja os westerns, com xerifes enfrentando bandidos.”
Além das tarifas, muitos filmes independentes de diretores americanos que trabalham fora do país enfrentam agora uma barreira comercial. De Niro mencionou que sua experiência nos anos 1960 e 1970 era muito diferente, quando diretores como Martin Scorsese tiveram liberdade para inovar.
“Naquela época, nós simplesmente fazíamos o que queríamos. Quando eu era jovem ator, a televisão exigia um compromisso de anos. O streaming não facilitou a vida dos atores. Muitas boas histórias estão perdidas.”
O ator também compartilhou detalhes sobre um projeto muito pessoal que está desenvolvendo com o artista JR. Ele entregou todos os diários de seus pais e fotos de família para a criação de um documentário artístico, um projeto que visa preservar a memória familiar e suas experiências, mesmo sem saber ao certo onde isso vai levar.
“Estamos fazendo porque não sabemos onde vai chegar. Temos tempo, e qualquer que seja o fim, está bom no final”, afirmou De Niro. Ele ainda comentou sobre sua relação com o pai, um pintor, e como sua carreira trouxe complicações nesse vínculo.
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