O Palmeiras vive a deliciosa sensação de curtir a festa antes mesmo de a festa começar para valer.
Em casa, ao ganhar do Fluminense sem tomar maiores sustos, a torcida alviverde abriu as comemorações, alto e bom som.
O 1 a 0 nem exprimiu o que aconteceu no gramado, porque se fosse 3 a 0 não teria havido exagero.
Mas também nem de saldo de gols o time precisa mais, tamanha a vantagem que tem sobre os pretendentes ao título que o Palmeiras ganha pela segunda vez seguida e pela oitava vez desde 1971, marca que ninguém tem.
Somados os dois Robertões que, estes sim, deveriam ser contabilizados como Brasileirões, eis aí o único decacampeão brasileiro.
Alguém dirá que o alviverde deve agradecer ao Botafogo.
Deve nada.
Tem de agradecer a si mesmo pela capacidade de reação demonstrada depois que a temporada parecia perdida e é inegável que Abel Pereira tem muito, mas muito a ver com isso.
GOLEADA NO ETARISMO
Aos 75 anos, forte feito um touro, vice-campeão da Libertadores do ano passado e ainda na briga pelo título brasileiro deste ano, Luiz Felipe Scolari, sem tirar nem pôr, é o mesmo que conduziu a seleção brasileira ao pentacampeonato mundial na Ásia.
Na entrevista depois da vitória sobre o São Paulo, recomendou que se ouça “My Way” com Frank Sinatra —talvez, também, para espiar um de seus poucos arrependimentos ao escalar Bernard, o da tristeza nas pernas, contra a Alemanha no Mineirão.
Ele e suas circunstâncias, politicamente mais que conservador, futebolisticamente de vocabulário e métodos inalterados, Felipão ensina aos preconceituosos que idade está longe de ser problema.
Ao contrário, muitas vezes é solução, que o digam os atleticanos ao substituir Eduardo Coudet, 26 anos mais jovem, padecerem por nove jogos sem vitória com o novo antigo treinador e, agora, ainda poderem acreditar na taça.
E, por favor: não diga, por redundante, ser defesa em causa própria…
Até porque, Sinatra, que morreu aos 82, canta cada vez melhor.
DIGNIDADE TRICOLOR
O São Paulo foi além de enfrentar o Atlético Mineiro sem a menor intenção de prejudicar o rival Palmeiras na luta pelo título do Brasileirão: jogou melhor que o Galo na casa dele lotada e vendeu caro a derrota injusta.
Não fossem os gols da melhor dupla de atacantes do campeonato, os incríveis Hulk e Paulinho, e os alvinegros estariam alijados da disputa.
QUE PAPELÃO!
O Corinthians conseguiu chegar à penúltima rodada do Brasileirão na dependência do resultado de terceiros para se livrar matematicamente do risco de rebaixamento.
É verdade que ainda pode até se classificar para a Copa Sul-Americana, o que, aliás, não é exatamente a preferência pelos lados do Parque São Jorge, onde o comando está mais preocupado em reconstruir o time sem precisar se preocupar com calendário apertado.
O objetivo em 2024 é o de disputar o principal torneio do país entre os primeiros. E olhe lá.
DESEJO EXPLÍCITO
Quando este texto foi fechado o Santos permanecia na Série A em 2024.
Pela infância, adolescência e vida adulta de quem viu as façanhas de Pelé e companhia, que a situação permaneça inalterada ao chegar aos olhos da rara leitora e do raro leitor, porque as ironias do destino têm limite: a ausência do Rei é dor suficiente para acrescentar mais uma.
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