Search
Close this search box.
Home » Vale do Aço Online » Piloto de drone está em alta e faz parte de mercado que movimenta R$ 1,9 bilhão

Piloto de drone está em alta e faz parte de mercado que movimenta R$ 1,9 bilhão

André é piloto de drone profissional há 4 anos

Piloto de drone é uma das 25 profissões que estão em alta em 2024, segundo análise do LinkedIn. A plataforma de empregos aponta que o ofício, ocupado principalmente por homens (95%), tem um leque de oportunidades e a opção de atuar não apenas na cobertura de eventos, como também em diversos setores – com destaque para agricultura, produção de papel e celulose, consultoria e serviços empresariais.

Os pilotos de drone fazem parte, inclusive, de um mercado que está em plena expansão. De acordo com a Droneii, empresa alemã especializada em aeronaves do tipo, o Brasil é considerado o maior mercado de drones na América do Sul e possui um faturamento anual no setor estimado em US$ 373 milhões (aproximadamente R$ 1,9 bilhão). Além disso, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) registrou 390.840 solicitações de voos de drones em 2023 – um aumento de 25% em relação ao ano anterior.

Em Belo Horizonte, a empresa ModelismoBH, que atua com venda de drones e cursos na área, viu um crescimento de 40% no negócio só em 2023. A empresa, que vem ampliando a atuação, espera crescer até 60% em 2024. “O mercado teve uma virada muito grande. Ele começou com linhas de drones voltados para consumidor, para o lazer, e em determinado momento eles perceberam que poderiam ir mais longe e começaram a produzir mais equipamentos voltados para negócios. E, aí, o mercado deu uma guinada muito grande”, avalia Lucas Sales, CEO da ModelismoBH.

Profissão atrativa

André é piloto de drone profissional há 4 anos

André Carvalho Almeida da Fonseca, 38 anos, faz parte desse mercado. Piloto de drone profissional há quatro anos, ele passou cerca de dois anos fazendo treinamentos e se especializando. Admirador do aeromodelismo desde criança, André viu na profissão uma forma de realizar o desejo de voar. E, desde o início, ele escolheu um modelo de drone que permite sentir essa sensação de estar no ar: o FPV (first person view, visão de primeira pessoa em tradução livre).

“Eu estava pesquisando sobre drones no YouTube e me deparei com um vídeo de um tipo de drone que, naquela época, era novidade, os drones FPV. A gente coloca um óculos e o drone tem uma câmera embarcada, é como se a gente estivesse dentro do drone”, explica. A tecnologia é semelhante a um óculos de realidade virtual.

Ele revela que levantar um drone requer um tipo de plano de voo, assim como na aviação. Tudo precisa ser pensado para que a captação de imagens seja assertiva, inclusive para o tempo de bateria do aparelho. “Uma bateria de FPV dura de três a cinco minutos. Parece pouco, em um drone convencional a bateria dura de 15 a 20 minutos, só que a concentração no SPV é como a concentração de piloto de Fórmula 1”, compara.

Técnica FPV permite que o piloto
Modelo FPV permite que o piloto “embarque” no drone como se estivesse no ar

Ele conta que seus primeiros trabalhos profissionais foram acompanhar bicicletas em corridas de mountain bike. Depois, iniciou também trabalhos em eventos diversos. “O mais difícil no início foi captar clientes”, revela. De acordo com André, a diária (6 horas) de um piloto de drone profissional que utiliza a tecnologia FPV varia de R$ 1.500 a R$ 3.000 ao contratante. Se o profissional utilizar drone com imagem de cinema, o valor cobrado pode chegar a R$ 10 mil.

Uma profissão, mil possibilidades de trabalho

Além da cobertura de eventos diversos, os drones são utilizados em vários setores, o que expande a área de atuação dos pilotos. A Aero Engenharia, que oferece serviços com drones, atende clientes de diversos setores. A empresa conta, por exemplo, com o TechDengue, uma solução para controle da dengue cujo objetivo é mapear áreas predeterminadas em busca de focos. O serviço auxilia na atuação mais assertiva dos agentes para combater a doença.

“Esse mapeamento passa por um processo de inteligência artificial assistida, em que aqueles possíveis focos são detectados. É entregue aos municípios um relatório com o endereçamento desses focos”, explica o COO da Aero Engenharia, Renato Mafra. “O município pode atuar de forma assertiva, né? Já vai bater na porta certa sabendo o que está buscando. E onde ele não consegue resolver o problema, os nossos pilotos são capazes de pilotar um drone que tem um sistema de dispensação de pastilhas acopladas e fazer o tratamento no local”, explica.

Na empresa, os drones também são utilizados: em mapeamentos para acompanhamento de obras públicas, como rodovias (andamento da obra, uso dos materiais etc); na inspeção de linhas de transmissão; na agricultura, para mapeamento de lavouras (encontrando falhas e evolução das plantações, por exemplo), na mineração, com estudos ambientais de flora em grandes extensões, para que a mineradora peça licença ambiental apenas em locais possíveis, ou mesmo acompanhamento das zonas de autossalvamento (ZAS), fazendo inspeção e dando à mineradora a correção de rota.

“Os drones começaram como hobbie, para filmagens de aniversário, à medida que a tecnologia evoluiu, foi-se abrindo um leque gigantesco de oportunidades. [O ofício do piloto de drone] é um trabalho cada vez mais especializado”, diz. Na empresa, que inclusive está com vagas abertas para pilotos de drone, grande parte dos profissionais contratados vêm da experiência com eventos e drones menores e passam por treinamento para operar os equipamentos, que são bem maiores.

Treinamento

E por falar em treinamento, a profissão de piloto de drone ainda não foi regulamentada no Brasil, portanto não exige qualquer certificação. Porém, para aqueles que desejam se especializar na área, diversas empresas oferecem cursos para ensinar técnicas de manuseio dos aparelhos.

Uma delas é a ModelismoBH, loja de revenda autorizada da marca DJI (que ocupa 79% do mercado de drones no mundo). A empresa oferece curso de drone para qualquer pessoa que deseja aprimorar os conhecimentos sobre os aparelhos e já formou cerca de 1.000 pilotos. Por lá, os cursos têm duração de 8 horas e são divididos em parte teórica e prática. As turmas geralmente têm quatro ou cinco alunos.

“A gente oferece o curso tanto para aquela pessoa que comprou o drone com a gente e quer aprender mais sobre o aparelho, quanto para a pessoa que já tem o drone e quer aprimorar a técnica. Ou mesmo para quem não tem o equipamento”, explica Lucas Sales, CEO da ModelismoBH.

O investimento varia de acordo com o modelo do drone que deseja operar (drones mais complexos e mais caros exigem conhecimentos mais específicos). Para um drone DJI, modelo consumer, o investimento no curso varia de R$ 950 a R$ 1.500. Já para o modelo enterprise, o treinamento chega a R$ 2.500. E para aprender modelos mais complexos, da linha agriculture, o investimento no curso chega a R$ 15 mil. (saiba mais sobre os modelos de drone a seguir).

Quanto custa um drone?

O preço de um drone varia de acordo com a classe à qual ele pertence e com as tecnologias que o aparelho possui. Na ModelismoBH, que trabalha só com a marca DJI, os mais baratos são os drones da linha consumer, destinados ao uso recreativo ou profissional (para imagens de festas, eventos e afins). De acordo com Lucas Sales, o preço varia de R$ 2.500 a R$ 35 mil.

O valor depende da distância, da qualidade de imagem (por exemplo, 4k), se tem zoom, se tem sensor anti-colisão, do tempo de voo por bateria, da própria tecnologia na câmera (algumas fazem filmagens profissionais, tipo câmeras cinematográficas), se o equipamento tem proteção nas hélices etc.

Os aparelhos mais caros estão na linha agriculture, voltados para uso profissional em plantações e afins. Esses variam de R$ 100 mil a R$ 300 mil e têm especificidades que atendem à demanda de agricultores, como capacidade para carregar e pulverizar agrotóxicos e jogar sementes.

Quais leis regulamentam os drones no Brasil?

Portaria do 298 do Ministério de Agricultura: estabelece as regras para operação de aeronaves remotamente pilotadas – ARP’s destinadas à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.

RBAC E-94 da Anac: aborda os requisitos gerais de competência da ANAC para aeronaves não tripuladas.

Quais as principais regras para operação de drones?

A profissão de piloto de drone não exige certificado/formação profissional, embora as empresas peçam algum tipo de experiência na área para contratação.

Drones não podem voar próximos de aeroportos.

É proibido sobrevoar áreas de segurança, como presídios e instalações militares, ou sobre infraestruturas críticas, como usinas termelétricas ou estações de distribuição de energia.

O sobrevoo de pessoas precisa ser consentido.

É necessário manter distância mínima de 30 metros (horizontalmente) de instalações e edificações, exceto nos casos em que haja autorização do proprietário.

Drones com peso acima de 250 gramas precisam ser cadastrados junto à Anac e estão sujeitos ao seguro obrigatório de proteção a terceiros. Aparelhos menores que isso não precisam de cadastro.

Drones também precisam solicitar autorização de voo junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

Os drones para uso comercial são divididos em três categorias: de 250g a 25 kg (classe 3), de 25 kg a 150 kg (classe 2) e acima de 150 kg (Classe 1). Pilotos remotos de aeronaves classes 1 ou 2, ou que pretendam voar acima de 400 pés acima do nível do solo, precisam de licença e habilitação válida emitida pela Anac. (Veja aqui as classes dos drones)

Não é permitido operar drones sob efeito de substâncias psicoativas (drogas e álcool)

Saiba mais sobre registros e certificados para operação de drones no site da Anac.

Confira a matéria completa em: zug.net.br

Leia também

Newsletter

LEIA TAMBÉM