O Maracanã com mais de 67 mil torcedores, quase todos brancos porque o preço dos ingressos foi excludente, não assustou o São Paulo, mesmo com péssimo histórico como visitante no Campeonato Brasileiro —e ótimo na Copa do Brasil, que o diga o Palmeiras.
O primeiro tempo começou com os tricolores mais agressivos que o Flamengo e terminou com providencial, e merecido, gol de Calleri. Sem que os rubros-negros tivessem chutado nem uma vez sequer contra Rafael.
O segundo tempo viu os cariocas mais acesos, embora bem administrados pelos paulistas, o tempo todo com a cabeça no lugar, exceção feita a um erro quase fatal de Gabi, para sorte dele nos pés desajeitados de Everton Cebolinha.
A Copa inédita está no papo? Adeus pentacampeonato para o Flamengo? Domingo (24) será de festa no Morumbi?
Nada está garantido; tudo indica que sim.
Difícil que o experiente elenco da Gávea se assuste com o clima da casa são-paulina.
Facílimo prever como servirá de combustível para os comandados de Dorival Júnior.
De agora até o jogo de volta, o São Paulo viverá lua de mel com sua gente, enquanto o Flamengo terá de deitar no divã em busca de solução que não é vislumbrada nesta horrível campanha na temporada de 2023.
O São Paulo tem sido capaz de ganhar de si mesmo na Copa do Brasil.
O Flamengo, ao contrário, perde para si próprio.
CHORORÔ ETERNO
O líder Botafogo, menos líder hoje que ontem, viaja a Belo Horizonte, enfrenta o Atlético Mineiro em gramado ainda lastimável no Terreirão do Galo, faz péssima apresentação sem dar sequer um chute no gol de Éverson, e, aí, o torcedor ouve do diretor de futebol, e do treinador, o choro injustificável pela anulação correta de gol que seria o do empate na derrota por 1 a 0.
Não será com recurso tão batido, habitual e generalizado que o Botafogo afastará o momento preocupante atravessado na busca pelo título brasileiro, escondido no longínquo ano de 1995.
O Botafogo não soube se aproveitar da pausa pela Data Fifa, pareceu traumatizado por ter perdido a invencibilidade no Nilton Santos, para o rival Flamengo, e precisa voltar a botar as chuteiras no chão se quiser vencer o triste Corinthians, em Itaquera, na sexta-feira (22).
Os atuais sete pontos de vantagem sobre o vice-líder Palmeiras são, nas contas alviverdes, apenas quatro, porque os dois ainda se enfrentarão, no Rio, pelo segundo turno.
O DRIBLE, 10
Dez anos atrás, Sérgio Rodrigues entregou à literatura brasileira o melhor romance sobre futebol escrito em língua portuguesa.
Do lance em que o Rei Pelé dribla o goleiro Mazurkiewicz, sem tocar na bola na Copa de 70, e perde, segundo escreve Rodrigues, o desafio feito a Deus, desenrola-se sensível fotografia do que tem o Brasil de melhor e de pior, de filho para pai e de pai para filho.
Se não bastasse, a edição comemorativa do aniversário, lançada agora pela Companhia das Letras com capa dura, é luxuosamente enriquecida por três textos imperdíveis: a apresentação de Fernanda Torres, que escreve tão bem como atua, um do próprio autor e um de Fábio de Souza Andrade, professor de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da USP, em preciosa pensata sobre o que de melhor já se escreveu no país sobre futebol.
Dez anos da obra-prima, digna da camisa dez do Rei Pelé e como nota dos leitores mais exigentes.
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