(foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press – 15/01/2024)
Alexandre Arajo – Quando Solange Dias deu luz, ouviu dos mdicos que a filha recm-nascida poderia ter pouco tempo de vida. A me, que at ento no sabia o sexo da criana, decidiu, naquele momento, batiz-la de Vitria e acreditar que tal projeo no se confirmaria. Aos 17 anos, a mineira de Belo Horizonte conquistou dois trofus no Aberto da Austrlia de cadeira de rodas, na categoria jnior, e desponta como uma das promessas do tnis paralmpico brasileiro.
Ela nasceu de seis meses (a bolsa da me havia estourado quando a gestao tinha apenas quatro), e ficou quase um ano em uma incubadora. Ela, posteriormente, foi diagnosticada com artrogripose congnita, e tem apenas 10% da fora nas pernas.
Atual lder do ranking mundial Jnior, ela conquistou o ouro na chave individual e de duplas em Melbourne, se tornando um dos destaques do Grand Slam realizado no ms passado.
Irm caula em uma famlia de cinco filhos – tem quatro irmos mais velhos -, a atleta conta que viveu uma “montanha-russa” na Austrlia: ela imaginou que estava eliminada aps a derrota na rodada inicial.
Na deciso, a tenista bateu a norte-americana Sabina Czauz por 2 sets a 1, de virada, aps superar um 6/0, “pneu” no jargo do tnis, no primeiro set. “Tiveram altos e baixos na final [individual], de psicolgico tambm. Eu iniciei tomando 6/0, e acho que o que fez a diferena ali foi o incentivo do Lo, que me puxou o tempo todo. No terceiro set, tinha certeza que aquele jogo seria meu”.
No dia anterior, a brasileira tinha chegado ao topo do pdio nas duplas, em parceria com a belga Luna Gryp. “Jogamos esse jogo felizes, leves. At ali, eu s pensava que no podia fazer igual ao primeiro jogo [quando perdeu], e estava colocando uma presso grande. Esse jogo em dupla serviu para quebrar esse pensamento e dar mais confiana”.
Desde cedo, Vitria fez acompanhamento na Associao Mineira de Reabilitao (AMR) e teve contato com modalidades esportivas. O tnis entrou na vida dela aos 9 anos.
A mineira treinou por dois anos, em um ritmo quase que “por brincadeira”, como classificou, mas decidiu parar e nem ela sabe ao certo o motivo. Em 2021, novamente na AMR, levantou 65 kg em um exerccio e foi questionada sobre prtica esportiva. Respondeu que j havia feito tnis e gostaria de retornar. “Ligaram para o Lo e disseram que tinha uma ovelha dele desgarrada que queria voltar”.
Vitria voltou ao tnis e, certa vez, batendo bola com a ento lder do ranking brasileiro adulto, ouviu que teria de treinar muito para atingir o nvel da adversria. Respondeu, porm, que queria “ser melhor”.
“O Lo foi ouvir e falou: ‘ento, temos de tomar um rumo diferente’. Foi quando comecei a ter uma dedicao maior ao tnis e vi que era o que eu gostava de fazer, queria seguir carreira”.
Conquistas no tnis
Em 2023, aos 15 anos, Vitria foi duas vezes campe no Parapan de Jovens, em Bogot. Ela conquistou o ouro na chave simples e nas duplas mistas, ao lado de Luiz Calixto. Em Melbourne, a mineira repetiu um feito da tocantinense Jade Lanai, tambm campe na chave de simples e de duplas femininas em um Grand Slam – em 2022, no US Open.
Vitria cursa o terceiro ano do ensino mdio e quer entrar para a faculdade de psicologia para trabalhar na rea esportiva, mas ainda no sabe se ser um plano para curto prazo. “No tenho certeza se eu vou fazer j neste ano porque dependo nosso planejamento da temporada, mas um objetivo”.
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