TIMÓTEO – O crescente número de pessoas em situação de rua em Timóteo tem preocupado comerciantes e moradores do Centro Norte do Município. Ao contrário do que informa a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads) responsável pelo assunto, a maioria destas pessoas que perambulam pelas ruas, não possuem famílias na cidade.
Em pleno horário comercial é fácil deparar com várias situações. Os pertences dos moradores, como colchões, vasilhas e outros, permanecem nos troncos das árvores da Alameda 31 de Outubro, enquanto grupos se reúnem em todos os espaços possíveis e impossíveis. O novo perfil das pessoas em situação de rua na cidade de Timóteo, liga um alerta para a necessidade de ações mais céleres.
Sem o amparo devido, os obstáculos no acesso à alimentação, higiene e direitos são apenas algumas dificuldades que os muitos grupos da população em situação de rua enfrentam diariamente e a torna ainda mais vulnerável. Esses grupos, inviabilizados há tantos anos e tão heterogêneos, aumentam dia a dia sem uma reação efetiva da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads).
A Secretaria de Assistência Social informou que o município “dispõe de um Comitê de POP RUA, que discute todos os assuntos afetos a este público em específico”. Mas, a reprotagem do JBN constatou de perto que a teoria do Comitê de POP RUA de nada tem resolvido a vida de quem tem fome, frio e doenças.
A.D. 60 anos, é Timotense, não possui familiar na cidade, está em situação de rua há pelo menos 10 anos. Ele relatou à reportagem do JBN que apesar de realizar atividades culturais e de renda, sobrevive, mas, não o bastante para bancar um o compromisso com uma moradia descente.
A.D que não embreou para o vício da bebida e do fumo, disse elevar dia a dia a esperança de que algo melhor o espera. Matriculado na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o cidadão Alair mesmo vivendo de certa forma invisível pelas ruas de Timóteo, tenta com muito entusiasmo se recuperar do tempo perdido.
“É fundamental que tenhamos estratégias de moradia, aprendizagem e renda para as populações em situação de rua”, destacou A.D. que nunca revela onde passa as noites após sair da escola porque na realidade não possui um local fixo.
“Já vivíamos a falta de políticas públicas para a população em situação de rua, mas a pandemia só escancarou tudo isso. Já vivemos socialmente isolados. Passamos fome, frio e ainda enfrentamos as mazelas sociais existentes”, disse A.D, que também demonstrou preocupação com a assistência a crianças e adolescentes em situação de rua e o futuro delas em uma cidade que dorme sem saber do sonho do cidadão que se arisca de marquise em marquise.
Nota da Prefeitura
Em atendimento a este órgão de imprensa a respeito dos moradores em situação de rua, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Semads) esclarece o seguinte:
– Compete a Semads atender a este grupo populacional, de característica heterogênea que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos e/ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular na maioria dos casos. Eles se utilizam dos logradouros públicos e as áreas degradadas como moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente;
– Compete a equipe de abordagem do CREAS/SEMADS o atendimento a pessoas em situação de rua com escuta qualificada que representa procedimento técnico componente do trabalho social, de suma importância para iniciar a constituição de vínculos; orientação e encaminhamento para a rede de serviços locais com resolutividade; articulação da rede de serviços socioassistenciais; articulação com os serviços de políticas públicas setoriais; articulação interinstitucional com os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
Diante dessas considerações, a Secretaria informa que não é atribuição da política pública a remoção de pessoas, mesmo porque o Supremo Tribunal Federal já proibiu por meio de liminar que municípios, Estados e Distrito Federal façam essa remoção bem como o transporte compulsório de pessoas em situação de rua às zeladorias urbanas e abrigos.
A equipe de Abordagem Social que acompanha cotidianamente este público, permanece em constante orientação sobre direitos e deveres como cidadãos do município. Às pessoas em situação de rua que queiram retornar à sua cidade de origem é garantido abrigo e passagem de ônibus ao destino.
Atualmente são 27 pessoas cadastradas no CREAS e a maioria oscila entre estar na rua e em residência, pois possuem casa e família no município.
O município de Timóteo também dispõe de um Comitê de POP RUA, que discute todos os assuntos afetos a este público em específico. E conta também com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde por meio dos PSF´s e aplicação de vacinas quando é o caso.
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