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PAC III dá a largada de Lula nas eleições municipais de Minas Gerais

PAC III dá a largada de Lula nas eleições municipais de Minas Gerais

O pacote de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) III detalhado pelo gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em visita às pressas a Belo Horizonte entre as últimas quarta e quinta-feira (8/2) selou a largada dos pré-candidatos do PT às eleições municipais em Minas Gerais. Sem grandes entregas, o PAC III, que, assim como em outros mandatos de Lula, é um dos principais capitais políticos do governo, será utilizado como dividendo por candidatos às prefeituras para tentar recuperar o terreno perdido nos últimos pleitos.

Pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, o deputado federal Rogério Correia (PT), por exemplo, reivindicou para si a cessão de 17% dos 550 m² da área do antigo Aeroporto Carlos Prates, onde está o Parque Maria do Socorro Moreira, pedido formalizado pelo prefeito Fuad Noman (PSD) em junho à União. “Quero dizer que é uma conquista que eu me coloco muito nela, junto com os moradores da Região Noroeste de Belo Horizonte. Desde que sou vereador, luto para que isso aconteça”, disse Rogério em um vídeo publicado nas redes sociais na última quarta.

De acordo com Rogério, que também capitaliza para si a instalação de um campus do Instituto Federal em Belo Horizonte entre os oito anunciados, os investimentos do PAC III ajudam, de maneira geral, os pré-candidatos. “A aproximação dos prefeitos com o governo federal, estar no mesmo projeto, é importante para os municípios. Os municípios precisam de obras e investimentos maiores e quem tem condições de ajudar é o governo federal”, avaliou o deputado federal, cuja pré-candidatura é incerta diante dos acenos de Lula a Fuad.

O deputado federal Paulo Guedes (PT), pré-candidato à Prefeitura de Montes Claros, afirmou que, apesar de Lula ter demorado a visitar Minas Gerais, o presidente teria vindo no “momento certo”. “Nós estamos no início de um ano eleitoral. Ele não veio pessoalmente no ano passado, mas a maioria dos ministros visitou Minas Gerais. O terreno foi preparado, os projetos foram feitos e as obras estão sendo lançadas”, disse Guedes, que quer agora que Lula visite o interior. “Ele veio nas Minas e, agora, precisa visitar as Gerais”, acrescentou.

O deputado federal ainda defendeu que a visita de Lula impulsionaria sua pré-candidatura à Prefeitura de Montes Claros. “Apesar de ter sido um anúncio de investimentos, a agenda tem uma ressonância política. A agenda dele me impulsiona como pré-candidato por causa da resolução que garante a renegociação das dívidas rurais de produtores e agricultores atingidos pela seca no Norte do Estado, por causa dos investimentos nas BRs etc. Da mesma forma, ajuda também os pré-candidatos do PT ou de aliados nas cidades-pólo”, exemplificou ele, que já tem capitalizado a resolução nas redes sociais.

Prefeitas das maiores cidades de Minas governadas pelo PT, Marília Campos (PT) e Margarida Salomão (PT) também colheram dividendos para disputar a reeleição. Enquanto Marília, que chegou a se incomodar após não ser avisada da visita de Lula, deve ter 928 moradias populares do Minha Casa, Minha Vida das 6.000 mil previstas para o Estado, Margarida deve ter a retomada das obras do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), cujas obras estão paralisadas desde 2015.

Professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Thiago Silame avaliou que, agora, caberá aos correligionários e apoiadores clamar crédito para os anúncios do PAC III. “Mas, pensando em Belo Horizonte, por exemplo, é preciso equacionar quem será o candidato do petismo. Uma candidatura própria do deputado Rogério Correia, um apoio à reeleição de Fuad ou até mesmo a volta do (ex-prefeito Alexandre) Kalil para canalizar os discursos em torno dos investimentos”, observou o professor, que é pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG.

‘Estratégia é comparar com Bolsonaro’
A estratégia é que o PAC III seja utilizado como um álibi contra pré-candidatos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Agora, nós temos anúncios, comparações para fazer”, argumentou Guedes. “Eu estou cheio de comparações para fazer. É o combustível que eu preciso (para a minha pré-candidatura). Posso chegar na cidade e dizer: ‘Bolsonaro ficou quatro anos e o que ele fez pela cidade?’”, alegou o pré-candidato a prefeito de Montes Claros.

Em coro ao correligionário, Rogério disse que a expectativa é que Lula, que cancelou a visita inicialmente prevista para Juiz de Fora na última quarta (7/2) já que não conseguiria acomodar Contagem na agenda em Minas Gerais, volte ao Estado para visitar o interior. “Ele vai rodar mais para dizer o que o governo fez, as diferenças para o governo passado”, reforçou o pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte.

Para Silame, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo estarão entre as prioridades do PT nas eleições municipais. “É importante conseguir votos nesses estados, e, de uma certa forma, fazer um contraponto ao bolsonarismo, que se manifesta através do PL e dos partidos do chamado Centrão. Imagino que o PT quer, sim, aumentar a sua votação nestes estados nas eleições municipais com os olhos nas eleições de 2026”, analisou o professor da Unifal.

Ainda em novembro de 2023, Lula, criticado pelo número de viagens internacionais durante o primeiro ano do terceiro mandato, afirmou que dedicaria 2024 para viajar o Brasil. “Quero visitar todas as obras de infraestrutura, muitas obras de educação, muitas obras na área da saúde. Quero visitar para conversar com o povo um pouco sobre o futuro deste país”, disse o presidente, logo após um encontro com ministros da área de infraestrutura.

Pressão de deputados federais e estaduais provocou visita
Apesar de a visita a Minas Gerais ter encerrado uma rodada de compromissos em sequência em estados comandados por governadores alinhados a Bolsonaro, interlocutores do PT desconsideraram uma eventual ofensiva de Lula. Entretanto, eles confirmaram que há um diagnóstico do Palácio do Planalto de que o presidente da República deve aumentar a presença em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do Brasil.

Em Minas, por exemplo, a aprovação de Lula, 50,6%, é menor do que a aprovação do governador Romeu Zema (Novo), que tem 64,1%, de acordo com a última rodada da pesquisa DATATEMPO. A agenda na última semana foi fruto da pressão de deputados federais e estaduais, já que, até então, o presidente após a posse sequer havia voltado ao Estado, onde, durante o 2º turno das eleições presidenciais, por exemplo, fez ao menos duas agendas.

A princípio, a visita ocorreria somente em março, e, por isso, houve a necessidade de antecipar anúncios, como o investimento de R$ 1 bilhão para duplicar e reassentar duas mil famílias que moram às margens da BR-381 entre Belo Horizonte e Caeté. Embora o montante não esteja previsto na Lei Orçamentária Anual de 2024, a promessa foi feita porque, conforme interlocutores do PT, o presidente não queria vir a Minas Gerais sem uma novidade para a BR conhecida como “rodovia da morte”.

Confira a matéria completa em: zug.net.br

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